Pesquisar este blog

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vaticano confirma Cibeles e Cuatro Vientos como lugares da JMJ 2011


Santa Sé também aprovou a proposta de santos padroeiros para o evento
MADRI, terça-feira, 4 de maio de 2010

A Praça de Cibeles de Madri, o aeródromo de Cuatro Vientos e a rua Recoletos serão os cenários do encontro do Papa Bento XVI com os jovens na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2011. A Santa Sé confirmou a proposta de estabelecer santos padroeiros para o evento.

A Praça Cibeles, um dos conjuntos monumentais por excelência de Madri, receberá o Papa por ocasião de sua visita para a JMJ de 2011. O local, proposto pelo arcebispado de Madri com aprovação das autoridades municipais, é um dos mais emblemáticos símbolos da cidade.

A rua será o cenário da Via Sacra, que será realizada no dia seguinte.

O encontro do Papa com os jovens se dará na noite de 20 de agosto, no aeródromo de Cuatro Vientos, localizado a 8 km a sudoeste de Madri. Em seu perímetro de 10 quilômetros, serão recebidos os participantes do encontro e da Missa que será celebrada no dia seguinte. As instalações do histórico aeródromo já acolheram os participantes do encontro de João Paulo II em sua visita à Espanha, em 2003.

A Santa Sé também confirmou a proposta dos padreiros da JMJ: os santos Isidoro o Lavrador, João da Cruz, Nossa Senhora da Cabeça, João de Ávila, Teresa de Jesus, Rosa de Lima, Inácio de Loyola, Rafael Arnáiz e Francisco Xavier.

Todos os santos escolhidos são de origem espanhola, e isso tem o intuito de arraigar a JMJ à cultura do país, como também se fez na JMJ de Colônia, quando foram propostos santos relacionados à história cristã da Alemanha.

Mais informações em: http://www.madrid11.com.


Fonte: Zenit.org

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Carta Pastoral do Santo Padre Bento XVI aos Católicos na Irlanda

Queridos amigos internautas, com grande dor temos assistido às tristes notícias publicadas acerca da situação que a Igreja enfrenta na Irlanda. Antes de conhecer e julgarmos o problema de forma, como tem feito os meios de comunicações, de maneira até leviana, é preciso entendermos não somente o contexto em que se deu tal processo, mas também suas raízes mais profundas, bem como as motivações que levam os referidos meios divulgá-los com tamanho sensacionalismo como temos visto. Não se trata de ser condescendentes com uma situação de injustiça e desumana, mas de não cometer erros que participam da mesma natureza dos males já feitos. Neste sentido, trazemos aqui a resposta do sucessor de Pedro, manifestando sua postura mediante tais acontecimentos. O certo é que neste momento tao difícil devemos assegurar acima de tudo nossa fé e esperança em Deus razão maior de nossa história, enfrentando com otimismo e coragem estes desafios que o tempo atual nos impõe. E o mais importante é lembrar que o central nesta questão não é apenas tomar as medidas remediadoras necessárias, mas criar condições para que elas não venham a ferir novamente coração da Igreja, corpo de Cristo e representada nas tantas pessoas que tiveram sua confiança traída, sua dignidade violentada. Vejamos o que o santo padre tem a nos dizer.

1. Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.

Como sabeis, convidei recentemente os bispos irlandeses para um encontro aqui em Roma a fim de referir sobre o modo como trataram estas questões no passado e indicar os passos que empreenderam para responder a esta grave situação. Juntamente com alguns altos Prelados da Cúria Romana ouvi quanto tinham para dizer, quer individualmente quer em grupo, enquanto propunham uma análise dos erros cometidos e das lições aprendidads, e uma descrição dos programas e dos protocolos hoje existente. As nossas reflexões foram francas e construtivas. Alimento a confiança de que, como resultado, os bispos se encontrem agora numa posição mais forte para levar por diante a tarefa de reparar as injustiças do passado e para enfrentar as temáticas mais amplas relacionadas com o abuso dos menores segundo modalidades conformes com as exigências da justiça e com os ensinamentos do Evangelho.

2. Por meu lado, considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país,, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação.

Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus.

Ao mesmo tempo, devo expressar também a minha convicção de que, para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a protecção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro.

Enquanto enfretais os desafios deste momento, peço-vos que vos recordeis da «rocha de que fostes talhados» (Is 51, 1). Reflecti sobre as contribuições generosas, com frequência heróicas, oferecidas à Igreja e à humanidade como tal pelas passadas gerações de homens e mulheres irlandeses, e deixai que isto gere impulso para um honesto auto-exame e um convicto programa de renovação eclesial e individual. A minha oração é por que, assistida pela intercessão dos seus muitos santos e purificada pela penitência, a Igreja na Irlanda supere a presente crise e volte a ser uma testemunha convincente da verdade e da bondade de Deus omnipotente, manifestadas no seu Filho Jesus Cristo.

3. Historicamente os católicos da Irlanda demonstraram-se uma grande força de bem quer na pátria quer fora. Monges célticos, como São Colombano, difundiram o Evangelho na Europa Ocidental lançando as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, de caridade e de sabedoria transcendente que derivam da fé cristã, encontraram expressão na construção de igrejas e mosteiros e na instituição de escolas, bibliotecas e hospitais que consolidaram a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais rectos da Igreja na sua terra natal.

A partir do século XVI, os católicos na Irlanda sofreram um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias perigosas e difíceis. Santo Oliver Plunkett, o Arcebispo mártir de Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de corajosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja teve a liberdade de crescer de novo. Famílias e inúmeras pessoas que tinham preservado a fé durante os tempos das provações tornaram-se a centelha de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A Igreja forneceu escolarização, sobretudo aos pobres, e isto deu uma grande contribuição à sociedade irlandesa. Um dos frutos das novas escolas católicas foi um aumento de vocações: gerações de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários deixaram a pátria para servir em todos os continentes, sobretudo no mundo de língua inglesa. Foram admiráveis não só pela vastidão do seu número, mas também pela robustez da fé e pela solidez do seu empenho pastoral. Muitas dioceses, sobretudo em África, América e Austrália, beneficiaram da presença de clero e religiosos irlandeses que anunciaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, que serviram tanto os católicos, como a sociedade em geral, com atenção especial às necessidades dos pobres.

Em quase todas as famílias da Irlanda houve alguém – um filho ou uma filha, uma tia ou um tio – que deu a própria vida à Igreja. Justamente as famílias irlandesas têm em grande estima e afecto os seus queridos, que ofereceram a própria vida a Cristo, partilhando o dom da fé com outros e actualizando-a num serviço amoroso a Deus e ao próximo.

4. Contudo, nos últimos decénios a Igreja no vosso país teve que se confrontar com novos e graves desafios à fé que surgiram da rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos. Com frequência as práticas sacramentais e devocionais que sustentam a fé e a tornam capaz de crescer, como por exemplo a confissão frequente, a oração quotidiana e os ritos anuais, não foram atendidas. Determinante foi também neste período a tendência, até da parte de sacerdotes e religiosos, para adoptar modos de pensamento e de juízo das realidades seculares sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.

Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.

5. Em diversas ocasiões desde a minha eleição para a Sé de Pedro, encontrei vítimas de abusos sexuais, assim como estou disponível a fazê-lo no futuro. Detive-me com elas, ouvi as suas vicissitudes, tomei nota do seu sofrimento, rezei com e por elas. Precedentemente no meu pontificado, na preocupação por enfrentar este tema, pedi aos Bispos da Irlanda, por ocasião da visita ad limina de 2006, que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes» (Discurso aos Bispos da Irlanda, 28 de Outubro de 2006).

Com esta Carta, pretendo exortar todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a reflectir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial. Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor.

6. Às vítimas de abuso e às suas famílias

Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança – que traz a libertação e a promessa de um novo início.

Dirigindo-me a vós como pastor, preocupado pelo bem de todos os filhos de Deus, peço-vos com humildade que reflictais sobre quanto vos disse. Rezo a fim de que, aproximando-vos de Cristo e participando na vida da sua Igreja – uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral – possais redescobrir o amor infinito de Cristo por todos vós. Tenho confiança em que deste modo sereis capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

8. Aos pais

Ficastes profundamente transtornados ao tomar conhecimento das coisas terríveis que tiveram lugar naquele que deveria ter sido o ambiente mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar doméstico e educar os filhos. Eles merecem crescer num ambiente seguro, amados e queridos, com um forte sentido da sua identidade e do seu valor. Têm direito a ser educados nos valores morais autênticos, radicados na dignidade da pessoa humana, a serem inspirados pela verdade da nossa fé católica e a aprender modos de comportamento e de acção que os levem a uma sadia estima de si e à felicidade duradoura. Esta tarefa nobre e exigente está confiada em primeiro lugar a vós, seus pais. Exorto-vos a fazer a vossa parte para garantir a melhor cura possível dos jovens, quer em casa quer na sociedade em geral, enquanto que a Igreja, por seu lado, continua a pôr em prática as medidas adoptadas nos últimos anos para tutelar os jovens nos ambients paroquiais e educativos. Enquanto dais continuidade às vossas importantes responsabilidades, certifico-vos de que estou próximo de vós e que vos dou o apoio da minha oração.

9. Aos meninos e aos jovens da Irlanda

Desejo oferecer-vos uma particular palavra de encorajamento. A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja.

10. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda

Todos nós estamos a sofrer como consequência dos pecados dos nossos irmãos que traíram uma ordem sagrada ou não enfrentaram de modo justo e responsável as acusações de abuso. Perante o ultraje e a indignação que isto causou, não só entre os leigos mas também entre vós e as vossas comunidades religiosas, muitos de vós sentis-vos pessoalmente desanimados e também abandonados. Além disso, estou consciente de que aos olhos de alguns sois culpados por associação, e considerados como que de certo modo responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20).

Sei que muitos de vós estais desiludidos, transtornados e encolerizados pelo modo como estas questões foram tratadas por alguns dos vossos superiores. Não obstante, é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Sobretudo, exorto-vos a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação. Deste modo, a Igreja na Irlanda haurirá nova vida e vitalidade do vosso testemunho ao poder redentor do Senhor tornado visível na vossa vida.

11. Aos meus irmãos bispos

Não se pode negar que alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações. Compreendo como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Claramente, os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram em recentes encontros aqui em Roma destinados a estabelecer uma abordagem clara e coerente destas questões. É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico.

Só uma acção decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito e a benquerença dos Irlandeses em relação à Igreja à qual consagrámos a nossa vida. Isto deve brotar, antes de tudo, do exame de vós próprios, da purificação interior e da renovação espiritual. O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes. Sede um exemplo com as vossas próprias vidas, estai-lhes próximos, ouvi as suas preocupações, oferecei-lhes encorajamento neste tempo de dificuldades e alimentai a chama do seu amor a Cristo e o seu compromisso no serviço dos seus irmãos e irmãs.

Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com que sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1 Pd 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto, por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade redentora de Cristo.

12. A todos os fiéis da Irlanda

A experiência que um jovem faz da Igreja deveria dar sempre fruto num encontro pessoal e vivificante com Jesus Cristo numa comunidade que ama e que oferece alimento. Neste ambiente, os jovens devem ser encorajados a crescer até à sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar por ideais nobres de santidade, de caridade e de verdade e a inspirar-se nas riquezas de uma grande tradição religiosa e cultural. Na nossa sociedade cada vez mais secularizada, na qual também nós critãos muitas vezes temos dificuldade em falar da dimensão transcendente da nossa existência, precisamos de encontrar novos caminhos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com Jesus Cristo na comunhão da sua Igreja. Ao enfrentar a presente crise, as medidas para se ocupar de modo justo de cada um dos crimes são essenciais, mas sozinhas não são suficientes: há necessidade de uma nova visão para inspirar a geração actual e as futuras a fazer tesouro do dom da nossa fé comum. Caminhando pela via indicada pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando a nossa vida de maneira cada vez mais próxima com a pessoa de Jesus Cristo, fareis a experiência da renovação profunda da qual hoje há uma urgente necessidade. Convido-vos a todos a perseverar neste caminho.

13. Amados irmãos e irmãs em Cristo, é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento actual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual.

14. Desejo propor-vos algumas iniciativas concretas para enfrentar a situação. No final do meu encontro com os Bispos da Irlanda, pedi que a Quaresma deste ano fosse considerada como tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja no vosso país. Agora convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça.

Deve ser dedicada também particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles. Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Além disso, depois de me ter consultado e rezado sobre a questão, tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa. Os pormenores serão anunciados no devido momento.

Além disso proponho que se realize uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Alimento a esperança de que, haurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações, de modo a redescobrir as raízes da vossa fé em Jesus Cristo e a beber abundantemente nas fontes da água viva que ele vos oferece através da sua Igreja.

Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos. Desde quando a gravidade e a extensão do problema dos abusos sexuais dos jovens em instituições católicas começou a ser plenamente compreendido, a Igreja desempenhou uma grande quantidade de trabalho em muitas partes do mundo, a fim de o enfrentar e remediar. Enquanto não se deve poupar esforço algum para melhorar e actualizar procedimentos já existentes, encoraja-me o facto de que as práticas de tutela em vigor, adoptadas pelas Igrejas locais, são consideradas, nalgumas partes do mundo, um modelo que deve ser seguido por outras instituições.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afecto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja. Ao utilizardes esta oração nas vossas famílias, paróquias e comunidades, que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afecto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor.

Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José

Benedictus PP. XVI

Fonte: www.vatican.va

terça-feira, 27 de abril de 2010

O ensino religioso nas escolas tem relevância?

Instigado por uma constante indagação profissional: “Por que estudar Ensino Religioso?”, coloquei-me a refletir e, posteriormente, a delinear uma resposta plausível. Para alcançar este objetivo, remonto à Constituição Federal, a textos de cunho religioso e à prática docente.

O livro dos Provérbios é o mais típico da literatura sapiencial de Israel. A introdução a este livro sapiencial tem como ponto nuclear a figura de um pai fazendo inúmeras recomendações aos seus filhos, recomendações de sabedoria! O livro, como um todo, apresenta vários séculos de sabedoria, a sabedoria que emanou de ardilosos exercícios ascéticos feitos por homens iluminados por Deus. O objetivo deste livro é ajudar os homens a alcançar a sabedoria. Contudo, qual a ligação do livro de Provérbios e o Ensino Religioso nas Escolas.

No capítulo 22, versículo 6, do referente livro, lemos: “Forma o jovem no início de sua carreira, e mesmo quando for velho não se desviará dela”. Este texto bíblico nos faz refletir a real importância de uma educação consolidada em valores perenes, uma vez que o clamor existencial dos nossos jovens tem se tornado cada vez mais urgente, justamente pela carência de ensinamentos proveitosos, entre eles, os religiosos.

A palavra Religião tem origem no latim Religione, que possivelmente se prende ao verbo religar, ou seja, o retorno do homem, após a queda, a Deus. Aqui reside, fundamentalmente, a importância da religião para o tempo hodierno. Redijo estas palavras a partir da minha experiência como educador e, especialmente, via convicção interna, de maneira que do jeito que o mundo tem trilhado seu caminho, o homem sem Deus fica desprovido de qualquer esperança e, quando a tem, ela é efêmera.
É inegável a fase de contínuas transformações que o mundo está passando: mudanças sociais, políticas, médicas, tecnológicas... Todas se formam paulatinamente e, uma vez configuradas, tendem a influenciar o nosso comportamento individual e coletivo. As instituições e organizações, sobretudo as escolas, existem exatamente para agir no mundo, na sociedade e na história, sem se eximirem de seu múnus que é o de ajudar o indivíduo a pensar e se posicionar perante as questões fundamentais da vida. É neste ponto que compreendo o Ensino Religioso como relevante nas escolas, de sorte que é uma disciplina ligada diretamente à vida, e que visa atingir o comportamento do jovem, no sentido de uma orientação ética para além dos valores postulados pelo mercado de consumo.
A Constituição Brasileira garante a liberdade de culto e a nova Lei de Diretrizes e Bases abre espaço para um ensino religioso interconfessional (Art.33). Em 20/12/96, uma nova configuração foi dada a esse artigo, para assegurar “o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. Contudo este suplemento veio apenas legitimar as decisões tomadas anteriormente, pois a inserção do Ensino Religioso no currículo escolar do ensino fundamental estava garantida desde a constituição Federal promulgada em 1987/1988. Naquela época, o texto constitucional dizia que: “O Ensino Religioso ocupa-se com a educação integral do ser humano, com seus valores e suas aspirações mais profundas. Este ensino quer cultivar no ser humano as razões mais íntimas e transcendentais, fortalecendo nele o caráter de cidadão, desenvolvendo seu espírito de participação, oferecendo critérios para a segurança de seus juízos e aprofundando as motivações para a autêntica cidadania.” Portanto, a existência desta matéria na grade curricular dos nossos jovens, não pretende fazer da sala de aula uma comunidade de fé, mas um espaço privilegiado de reflexão sobre limites e superações da pessoa humana, enquanto imagem e semelhança do Criador. Tal realidade implica na necessidade de construirmos uma pedagogia que favoreça esta perspectiva, porque o que objetivamos é fruto de uma experiência pessoal, na incansável busca de respostas para as questões existenciais.
Para que isso ocorra, entendo que a disciplina de Ensino Religioso deverá fundamentar-se nos princípios da cidadania e do entendimento do outro como ser humano portador da mesma dignidade que eu. Entendo, ainda, que o conhecimento religioso não deve ser uma somatória de conteúdos teóricos, que tem por objetivo a evangelização ou acréscimo de seguidores de doutrinas, associado à imposição de dogmas, rituais ou orações, senão que um caminho a mais para entender sobre as sociedades humanas e sobre si mesmo.
Consoante o professor Antônio Ramos, o Ensino Religioso deverá contemplar as seguintes orientações:
1) despertar e cultivar a religiosidade do aluno;
2) levá-lo à compreensão da importância do fenômeno religioso em sua própria vida e na história humana;
3) trazer conhecimento sobre as diferentes formas de religiosidade, dentro de seus respectivos contextos culturais e históricos;
4) criar um espírito de fraternidade e tolerância entre as diferentes religiões;
5) sensibilizar o aluno em relação aos princípios morais, propostos pelas religiões, promovendo ao mesmo tempo uma reflexão sobre eles. Assim sendo, a disciplina de Ensino Religioso assume caráter relevante nas escolas, na mesma medida que as outras disciplinas!


Disponível em: http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo-o-ensino-religioso-nas-escolas-tem-relevancia.php

Pré-Conferência das Américas e Caribe à Conferência Mundial de Juventude 2010

Informações Importantes:
1. Por que o Brasil sediará a Pré-Conferência das Américas e Caribe?
O Brasil apoia a realização da Conferência Mundial de Juventude, que vai acontecer na cidade de Monterrey, no México, de 23 a 27 de agosto de 2010. A CMJ2010 é parte das celebrações do Ano Internacional de Juventude da ONU, que se inicia a partir de 12 de agosto (Dia Mundial da Juventude). A CMJ2010 é precedida por etapas preparatórias em nível continental e nosso país teve a honra de ser escolhido, pelo Comitê Internacional, para ser a sede da etapa preparatória do nosso continente e da região caribenha.

2. Onde e quando ocorrerá a Pré-Conferência?
A Pré-Conferência das Américas e Caribe está convocada para Salvador, BA, Brasil, nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2010.

3. Quais os objetivos?
Além de aprovar a Carta de Salvador, com as recomendações à CMJ2010, a Pré-Conferência tem como objetivo proporcionar o intercâmbio de informações entre governos, organizações sociais e parlamentares na temática de juventude, além de avaliar, em termos regionais, os avanços relativos às Metas do Milênio.

4. Quem organiza?
A Pré-Conferência Mundial de Juventude é coordenada pela Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência e pelo Instituto Mexicano de Juventude. A realização é da Secretaria Nacional de Juventude e do Governo do Estado da Bahia. O evento é apoiado pelos organismos internacionais ligados ao Sistema ONU. O Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD são os coordenadores da cooperação do Sistema ONU com o processo de organização da CMJ2010 e da Pré-Conferência.
O escritório no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, é corealizador da Pré-Conferência por meio de cooperação técnica com a Secretaria Nacional de Juventude. A Organização Ibero-Americana de Juventude – OIJ é parceira da Secretaria na realização do evento. Apóiam ainda a Pré-Conferência: OIT, UNICEF, UNODC, CONJUVE, Ministério da Educação, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria-Geral da Presidência da República, IIDAC e Opção Brasil.

5. Quem pode participar?
Até 5 (cinco) representantes por país, sendo: 2 representantes do governo; 2 representantes das organizações de sociedade civil; 1 parlamentar atuante na temática de juventude. Apenas no caso do Brasil, por ser o país sede da Pré-Conferência, se permitirá a participação de 10 representantes, sendo 4 de poder público (SNJ/SG-PR, CONJUVE), gestores estaduais e gestores municipais); 1 parlamentar com atuação na temática de juventude e 5 representantes de organizações da sociedade civil.
A organização da Pré-Conferência compreende por sociedade civil a representação coletiva por meio de ONGs, movimentos sociais, sindicatos ou associações de trabalhadores, sindicatos ou associações de empregadores, redes de organizações ou plataformas associativas juvenis em nível nacional ou regional.

6. Como faço para participar?
Os representantes de governo são indicados pelos órgãos públicos que representam; os parlamentares serão convidados pelo Congresso Nacional do México; os representantes de sociedade civil devem proceder à pré-inscrição no site www.youth2010.org até o dia 30 de abril e serão selecionados pelo Comitê Internacional organizador da CMJ2010.
A mesma pré-inscrição no site é válida tanto para a Pré-Conferência, em Salvador, quanto para a Conferência Mundial, no México, não sendo, entretanto, vinculados os processos de seleção para cada um dos eventos. Recomenda-se, em todos os casos, que as delegações observem a proporcionalidade entre gêneros dos participantes.

7. Qual a programação e como será a dinâmica da Pré-Conferência?
A Pré-Conferência será constituída por três foros: o Foro de Governos; o Foro de Sociedade Civil e o Foro de Parlamentares. A dinâmica dos trabalhos acontecerá por meio de Painéis, Grupos de Trabalho e pelas reuniões simultâneas dos três Foros. Isto se dará no seguinte formato:
- dia 23 de maio, chegada e recepção dos participantes;
- dia 24 de maio, 10 horas, Solenidade de Abertura;
- dia 24 de maio, 14 horas, Painel 1 – dois palestrantes, um moderador;
- dia 24 de maio, 17 horas, Painel 2 – dois palestrantes, um moderador;
- dia 25 de maio, 9 horas, Grupos de Trabalho (seis grupos temáticos);
- dia 25 de maio, 14 horas, instalações dos três Foros simultâneos;
- dia 26 de maio, 9 horas, Plenária Final;
- dia 26 de maio, 11 horas, leitura da Declaração, Encerramento.

8. Quais custos serão cobertos pela organização?
Para os participantes devidamente inscritos serão cobertos os custos de hospedagem no Hotel Pestana Salvador, alimentação e traslado interno na cidade. Não é previsto o custeio de passagens aéreas.

9. Há outras formas de participação?
Além de Participante, haverá as categorias de Observador e Convidado. Os observadores serão indicados: a) pela Secretaria Nacional de Juventude; b) pelo Instituto Mexicano de Juventude; b) pelos organismos do Sistema ONU (sob a coordenação do UNFPA). A categoria de Convidados reserva-se às autoridades presentes, sob responsabilidade da Secretaria Nacional de Juventude e do Governo do Estado da BA.

10. Quem posso procurar para obter outras informações?
Comitê Internacional:
Leonor Mejia – Ponto focal para governos da CMJ2010
e-mail: lmejia@imjuventud.gob.mx
telefones: 52 55 15001300 Ext. 1480
Eduardo Aguilar – Responsável pelas Pré-Conferências na CMJ2010
e-mail: eaguilar@imjuventud.gob.mx
telefones: 52 55 15001326 ou 52 55 15001327
No Brasil:
Carlos Odas – Coordenador da Pré-Conferência no Brasil
e-mail: carlos.odas@planalto.gov.br
telefones: 55 61 3411-1160/ 3411-3546
Paola Barbieri – Consultora da UNESCO
e-mail: paola.barbieri@planalto.gov.br
telefone: 55 61 34111160


segunda-feira, 26 de abril de 2010

As mulheres missionárias do Evangelho


Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

A SOGRA DE SIMÃO QUE SOFRIA DE FLUXO DE SANGUE, A VIÚVA DE NAIM, A CANANÉIA, JOANA, SUZANA, A VIÚVA DAS MOEDAS, AS FILHAS DE JERUSALÉM, A SAMARITANA, ETC.

SANTA MÔNICA, MÃE DE SANTO AGOSTINHO

Quando na vigília pascal do ano 387 da era cristã, na Catedral de Milão, na cerimônia celebrada pelo Bispo Ambrósio, Agostinho de Tegaste renunciou a satanás, confessou sua fé católica e inundado por uma indizível felicidade, entrou na água para renascer pelo Espírito Santo, no sacramento do Batismo, sua mãe, Mônica estava presente participando da cerimônia. E nesse dia ela deve ter sentido, como ninguém jamais sentira, qual é a força da oração perseverante. Ela acompanhara o filho em toda a sua caminhada desde a sua longínqua terra da África. Vira-o desviar-se para os piores erros de fé e de costumes. Vira-o triunfar nos caminhos da grandeza e da cultura humana, mas desviar-se dos caminhos de Deus. Porém, jamais desanimara.

Rezava e esperava. E chorava. Um dia um Bispo amigo lhe dissera que um filho de tantas lágrimas não se poderia perder. E ele não se perdeu. Aos 33 anos de idade encontrou definitivamente a "beleza" tão antiga e tão nova de que procurara em vão esconder-se. Cristo vencera. Aquele neófito seria amanhã o Bispo Agostinho. Santo Agostinho! O grande Doutor da Igreja. O maior de todos. Testemunho perene da graça de Deus. E do valor da oração perseverante de Santa Mônica.

A PALAVRA DE DEUS: Lc 13,11-13
AS MULHERES DO EVANGELHO

Folheando as páginas do Evangelho, passa diante dos nossos olhos um grande número de mulheres, de idade e condições diversas. Encontramos mulheres atingidas pela doença ou por sofrimentos físicos, como a mulher que tinha "um espírito que a mantinha enferma, andava recurvada e não podia de forma alguma endireitar-se. (LC 13,11-13). Ou como a sogra de Simão que estava "de cama com febre"(MC 1,30); ou como a mulher que sofria de um fluxo de sangue ( MC 5,25-34), que não podia tocar ninguém, porque se pensava que o seu toque tornasse o homem "impuro".

Cada uma delas foi curada e a última a hemorroíssa, que tocou o manto de Jesus "no meio da multidão"( MC 5,27), foi para ele louvada pela sua grande fé: "A tua fé te salvou" (MC 5,34). Há depois, a filha de Jairo que Jesus faz voltar à vida, dirigindo-se a ela com ternura: "Menina, eu te mando, levanta-te!"( MC 5,41). E ainda a viúva de Naim para quem Jesus faz voltar à vida o filho único, fazendo acompanhar o seu gesto de uma expressão de terna piedade: "Compadeceu-se dela e disse-lhe: não chores"(LC 7,13).

E há, enfim, a Cananéia, uma mulher que merece da parte de Cristo palavras de especial estima pela sua fé, sua humildade e pela grandeza de espírito de que só um coração de mãe é capaz: "Oh mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas"(MT 15,28). A mulher Cananéia pedia a cura de sua filha.


AS MULHERES MISSIONÁRIAS

Às vezes, as mulheres que Jesus encontrava, e que dele recebiam tantas graças, o acompanhava, enquanto com os apóstolos peregrinava pelas cidades e aldeias, anunciando o Evangelho do Reino de Deus. E elas "os assistiam com os seus bens". O Evangelho cita entre elas, Joana, esposa do administrador de Herodes, Suzana e muitas outras ( LC 8,1-3).

Às vezes, figuras de mulheres aparecem nas parábolas, com que Jesus de Nazaré ilustrava a seus ouvintes a verdade sobre o Reino de Deus. Assim é nas parábolas da Dracma perdida (LC 15,8-10), do Fermento ( MT 13,33), das Virgens prudentes e das virgens estultas( MT 25,1-13). É particularmente eloqüente o relato do óvulo da viúva. Enquanto "os ricos... colocavam as suas ofertas na caixa do templo... uma viúva... deitou lá duas moedinhas". Então Jesus disse: "Essa viúva pobre deitou mais do que todos... foi da sua penúria que tirou tudo quanto possuía"(LC 21,1-4).

Deste modo Jesus a apresenta como modelo para todos e a defendem, pois no sistema sócio-jurídico da época, as viúvas eram seres totalmente indefesas. (LC 18,17). Em todo o ensinamento de Jesus, como também no seu comportamento, não se encontra nada que denote a discriminação, própria do seu tempo da mulher. Ao contrário, as suas palavras e as suas obras exprimem sempre o respeito e a honra devidos à mulher. A mulher recurvada é chamada "filha de Abraão"
(LC 13,16), enquanto em toda a Bíblia o título "Filho de Abraão" é atribuído só aos homens. Percorrendo a via dolorosa rumo ao Gólgota, Jesus dirá às mulheres: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim". (LC 23,28). Este modo de falar às mulheres e sobre elas, assim como o modo de tratá-las, constitui uma clara "novidade" em relação aos costumes dominantes do tempo. Isso se torna ainda mais explícitos no tocante àquelas mulheres que a opinião comum apontava com desprezo como pecadoras públicas e adúlteras.

Por exemplo: a Samaritana, a quem Jesus mesmo diz: "Tiveste cinco maridos e aquele que agora tens não é teu marido". E ela, percebendo que ele conhecia o segredo de sua vida, reconhece nele o Messias e corre a anunciá-lo aos seus conterrâneos. O diálogo que precede esse reconhecimento é um dos mais belos do Evangelho ( João 4,7-27).
Eis, depois, uma pecadora pública que, não obstante à condenação por parte da opinião comum, entra na casa do fariseu para ungir com óleo perfumado os pés de Jesus.

Ao anfitrião que se escandalizava desse fato, Jesus dirá dela: "São perdoados os seus muitos pecados, visto que muito amou" (LC 7,37-47). Eis, enfim, uma situação que é talvez a mais eloqüente: uma mulher surpreendida em adultério é conduzida a Jesus.

À pergunta provocatória: "Ora, Moisés na Lei mandou nos apedrejar tais mulheres, tu que dizes?" Jesus responde: "Aquele de vós que estiver sem pecado lança-lhe por primeiro uma pedra". A força de verdade contida nessa resposta é tão grande que "se foram embora um após o outro, a começar pelos mais velhos." Permanecem só Jesus e a mulher."
Onde estão? Ninguém te condenou?" - "Ninguém, Senhor" - "Nem eu te condenarei. Vai e doravante não tornes a pecar."( João 8,3-11).


CRISTO CONHECE A DIGNIDADE DO HOMEM E DA MULHER
Esses episódios constituem um quadro de conjunto muito transparente.
Cristo, é aquele que "sabe o que há no homem"(João 2,25).

No homem e na mulher. Conhece a dignidade do homem, o seu valor aos olhos de Deus. Ele mesmo, Cristo, é a confirmação definitiva desse valor. Tudo o que diz e faz tem o seu cumprimento definitivo no mistério pascal da redenção. O comportamento de Jesus s respeito das mulheres, que encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico, é o reflexo do desígnio eterno de Deus, o qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo ( Ef 1,1-5). Por isso, cada mulher é aquela "única criatura na terra que Deus quis por si mesma".

Cada mulher herda do "princípio" a dignidade de pessoa precisamente como mulher. Jesus de Nazaré confirma essa dignidade, recorda-a, renova-a e faz dela um conteúdo do Evangelho e da redenção, para a qual é enviada ao mundo. É preciso pois introduzir na dimensão do mistério pascal toda palavra e todo gesto de Cristo que se refere à mulher. Desta maneira tudo se explica completamente.

UMA MENSAGEM PARA A VIDA

Uma das páginas mais belas do Evangelho é a que narra o episódio da mulher adúltera. Aí Jesus mostra mais uma vez a sua infinita misericórdia. O fato se deu nos últimos dias de Jesus em Jerusalém. Naquela época, durante o dia, Jesus ensinava no templo e à noite retirava-se para Betânia ou para o monte das oliveiras ( Lc 21,37-38). Nesta passagem aqueles que apresentam a tal mulher que fora pego em adultério são os escribas e fariseus que se consideravam os defensores da Lei de Deus.

Para armar uma cilada contra Jesus, eles vão pedir-lhe o seu parecer. Colocam o caso na mão de Jesus. Não para acatar a decisão do Senhor, mas para pegar Jesus em alguma resposta comprometedora, qualquer que fosse a sua resposta. De fato, se Jesus dissesse para deixarem a mulher ir em paz, eles denunciariam Jesus como transgressor da Lei, porque a lei mandava apedrejar as adúlteras (Dt 22,23-24). E se Jesus mandasse apedrejar a mulher, eles iriam jogar o povo contra Jesus, pois todos o chamavam de bom Mestre, porque o Senhor pregava a misericórdia e o perdão. Além disso, se Jesus decidisse pela morte da pecadora, ele poderia ser condenado também pela lei romana que reservava para si a condenação à pena de morte.

Mas a resposta de Jesus é divinamente sábia. Ele olha para aqueles fariseus com olhar tão penetrante, que vê dentro deles até os pecados escondidos em seus corações. E lhes fala simplesmente: "Aqueles de vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." E todos vão saindo.

Não ficou um! Então vem aquela belíssima sentença de Jesus: "Nem eu te condeno. Vai e de agora em diante, não peques mais". Assim ele condenou o pecado e não o pecador. Poderíamos lembrar muitos outros casos nos quais Jesus revela seu grande amor pelos pecadores.Um dele é o episódio da pecadora pública que foi beijar os pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu, por ocasião do jantar. (Lc 7,36-50). Lembre-se também da maneira imediata e simples com que Jesus perdoou o criminoso crucificado ao seu lado. Na cruz ainda, Jesus ofereceu seu perdão aos carrascos antes mesmo que esses lho pedissem, dizendo: "Pai, perdoa, porque não sabem o que fazem!"(Lc 23,34).


A SAMARITANA
A História da Samaritana é um dos capítulos mais bonitos do Evangelho. É o encontro mais bonito entre duas pessoas. É o paradigma para qualquer pessoa, para qualquer psicólogo, para qualquer pessoa que queira ir lá dentro no fundo do coração das pessoas. É o encontro de Jesus com a mulher Samaritana junto ao poço de Sicar. Ela que não pertencia ao povo de Deus. E Jesus quis ir lá dentro do coração dessa pessoa, que não representava a si mesma, mas representava uma humanidade sofrida, ela de "lata d'água na cabeça", diríamos em termos brasileiros, querendo buscar água e Jesus dizendo para ela: "Dá-me um pouco d'água". E ela achando esquisito porque um judeu pedindo água a uma Samaritana, eles que não se davam, eram inimigos e Jesus dizendo: "Ah! Se você soubesse quem pede a você esse copo d'água...

Essa pessoa pode dar-te água viva e quem beber dessa água, não terá mais sede, fonte de água viva. Jesus fala dessa água que brota como uma cascata de dentro dele próprio, Jesus, Filho de Deus. É Jesus desdentando a humanidade. A água que Ele dá é a sua Palavra. E aqui a gente podia pensar em todo o mistério da água. A água que é vida, não existia vida sobre a terra. Foi preciso que Deus criasse a água e nessa água pairasse o Espírito de Deus.

A água é vida, onde não há água, não há vida. Daí a comparação da água Jesus, da água graça, da água benefício de Deus entre nós. Como dizíamos, essa Samaritana é a humanidade afastada de Deus e doida por Deus. É tanto que o Evangelho diz que ela tinha 5 maridos. A melhor interpretação desses 5 maridos não é a interpretação de um marido e homens, não. Ela, representando a humanidade, é a vivência com os ídolos. É a infidelidade a Deus. É por isso que Jesus propõe a ela: _ "Mulher, vai ter um tempo fantástico. Um tempo em que, os que adoram o Deus verdadeiro, não o adoram nem aqui nem ali, mas o adoram em Espírito e em verdade". 5 maridos são os ídolos da humanidade: sexo, dinheiro, poder, TV, enfim, todo este visgo, todo este grude que prega cada vez o homem e o coloca cada vez mais preso e impossibilitado de voar.

O homem tem vontade de voar para Deus mas a idolatria, ou seja, o amor às coisas do mundo, o coloca cada vez mais apegado, mais grudado numa matéria que não me dá nenhuma resposta. Não sei até onde você gostaria de viver a vida plena. Essa saúde do corpo e a saúde da alma. É o homem em busca da identidade de si mesmo. Todas as vezes que o homem se abre para a água que é Jesus para tirar a sua sede, sede de coisas boas, está neste momento. É o momento de Deus em nossa vida. Por isso, vamos voltar a pensar mais nos outros. Vamos pensar em mil pequenas felicidades quase como borboleta indo aqui e ali. Isso não enche a vida de ninguém, nem mesmo religiosamente: Você que um dia está numa seita, um dia você é espírita, outro dia você é crente e outro é católico não é por aí. Só Jesus Cristo é água viva capaz de saciar nossa sede de modo definitivo.

Para isso não quer a humanidade com 5 maridos, ou seja, cheia de ídolos que tomam o lugar dele. Ele quer o abandono dos ídolos e a mudança de vida. E essa mudança de vida é o abandono dos ídolos e o abandono dos ídolos nos podem fazer verdadeiramente felizes, como dizia Santo Agostinho: "Eu não te procuraria, Senhor, se Tu não me tivesse encontrado". Vamos pedir a Deus como fez Jesus com a Samaritana que ele se encontre conosco para que nós possamos encontrá-lo.

Fonte: missaojovem.com.br