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terça-feira, 28 de abril de 2009

Dom Helder Câmara brilha na 47ª Assembleia da CNBB

em 28/04/2009 11:33:22 (434 leituras)

A voz de dom Helder Câmara foi ouvida novamente em sua histórica oração “Mariama”, na noite de ontem, 27, no auditório Rainha dos Apóstolos, na 47ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece até o próximo dia 1º de maio, em Itaici, município de Indaiatuba (SP).
Dom Helder foi um homem de muita atividade e grandes iniciativas que recebeu de muitos o reconhecimento pela sua atuação em favor da paz e da justiça”, disse o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha. O presidente também citou os prêmios recebidos por dom Helder, os livros publicados e as entidades das quais o arcebispo de Olinda e Recife participou ao longo de sua vida. “Dom Helder foi membro de mais de 40 entidades internacionais. Publicou mais de 20 livros. Cerca de 30 cidades lhe concederam o título de cidadão honorário. Recebeu 25 Prêmios nacionais e estrangeiros. Foi-lhe conferido o título de Doutor honoris causa por mais de 30 Universidades de várias partes do mundo”, lembrou dom Geraldo.
A amiga e colega de trabalho do Dom, como dom Helder era conhecido, Marina Bandeira contou sobre o trabalho do arcebispo no Rio de Janeiro. Um dos trabalhos marcantes, segundo a educadora e ex-secretária do Movimento de Educação de Base (MEB), a Cruzada de São Sebastião, foi uma idealização de dom Helder que consistiu na construção de um conjunto habitacional localizado no bairro do Leblon, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A obra foi inaugurada em 29 de outubro de 1955.
O arcebispo emérito da Paraíba, dom José Maria Pires, também deu seu testemunho sobre o papel de dom Helder na Igreja do Brasil ao longo do século XX. “Dom Helder ficou marcado pelos grandes contextos sociais de seu tempo, principalmente no âmbito do Regime Militar, pelo qual foi acusado de ser comunista”. De acordo com o arcebispo, dom Helder foi o grande responsável de “projetar nas questões sociais de seu tempo a luz do Evangelho”.
Um dos cantos entoados pelo coral arquidiocesano de Campinas (SP) que emocionou os participantes da sessão foi “O Pastor da Paz”, composição do padre José Freitas Campos, que lembrou a figura de dom Helder. RepercussãoDe acordo com o arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz, a figura de dom Helder é emblemática e singular no seu modo de ser, um exemplo a ser seguido pelo episcopado brasileiro. “Dom Helder para nós é uma figura em cujo lugar não é possível colocar outra igual. Ele tem uma beleza, uma luz, um profetismo, que ocupou um momento histórico como símbolo eclesial e importante do nosso povo que nós não podemos diminuir, nem esquecer. Precisamos compreender dom Helder de modo profundo porque ele traz de volta um aspecto do Evangelho que nós tínhamos esquecido e deixado de lado. Penso também que, em torno da figura de dom Helder e de sua vocação de bispo e de fé, nós podemos revisar o caminho que nós fizemos em torno da Teologia da Libertação. Em Cristo nós temos que reencontrar essa ligação com o pobre”, sublinhou.
Já o arcebispo de Salvador (BA), cardeal Geraldo Majella Agnelo, definiu a sessão como um momento de recordação e de graça. “Para nós foi um momento de muitas recordações e de muita gratidão a ele. Dom Helder foi um lutador sem medo, sem ficar na escuridão, no esquecimento durante sua vida e sua missão. Ele pregou o Evangelho do amor, do perdão, da misericórdia e esteve sempre ao lado das causas mais difíceis. Nós, que convivemos com dom Helder pessoalmente, podemos resumir esta noite como um momento de recordação e de graça”.







É CERTO FALAR “ERRADO”?


Falar “errado” é, antes de tudo, não se adequar à situação, ao momento da comunicação.

Em muitos discursos (conversas, programas humorísticos, piadas) podemos perceber uma ironia ou depreciação em relação a quem fala “errado”. É notável a idéia de que existe uma linguagem “certa” e uma linguagem “errada”. No primeiro caso, o falante é bem recebido em todos os meios, tem vantagens na procura por empregos, consegue subir degraus mais altos na escala social. Em contrapartida, aquele que não usa essa linguagem é excluído, deixado à margem das conquistas sociais, discriminado e alvo de constante preconceito em seu meio e até fora dele.
Vejamos, por exemplo, o caso de um sujeito jovem, morador de periferia, estudante de escola pública, que vai em busca de um emprego. Ainda na hora de preencher o currículo, surgem dificuldades, que pioram na hora da entrevista. Não são só o nervosismo e a apreensão do momento os causadores dessas dificuldades: é, também, a falta de preparo, de leitura, de cultura e de educação. Por quê? Porque enquanto circulava em seu meio, conversava com seus colegas, sua família, este jovem não sentia necessidade de outro nível linguístico senão aquele falado pela sua comunidade. Porque ali ele se fazia entendido, estava à vontade, seja usando gírias, seja numa linguagem mais popular, informal.
Se esse rapaz se fazia entender em seu grupo, como se pode afirmar que a linguagem usada ali é “errada”? Errado é não se fazer entender. Falar “errado” é, antes de tudo, não se adequar à situação, ao momento da comunicação. Os bons falantes da língua sabem quando usar uma linguagem mais informal ou quando procurar expressões mais cultas; quando falar “bonito” ou quando, inclusive, falar um palavrão! Quando usar o internetês e quando usar a escrita comum.
Enquanto nós ficarmos pensando que o problema da linguagem é o “certo” ou o “errado” não teremos que nos preocupar em ensinar àquele jovem que existe, sim, uma linguagem culta, uma “norma”, prescrita pelas gramáticas e abençoada pelos meios de comunicação, a que ele pode e deve ter acesso, pela e na escola, a fim de que sua participação na sociedade não fique ameaçada. Convivem com essa norma, essa língua chamada culta, outras variantes, chamadas não-padrão, faladas por todo o Brasil, cheia de gírias, de reduções, de sotaques, enfim, de regras próprias. O baianês, o carioquês, a linguagem técnica e todas as outras ajudam a compor a riqueza da nossa Língua Portuguesa. Falar uma dessas línguas é, também, falar “certo”. Que o nosso jovem consiga o seu emprego!



Helena Contaldo F. Martins
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas (Linguística e Língua Portuguesa) e professora de Língua Portuguesa do ISTA – Instituto Santo Tomás de Aquino.

domingo, 26 de abril de 2009

A beleza oculta

Vivemos em um contexto onde se perde dia após dia o sentido da vida e a beleza de se estar no mundo. Os sorrisos se esvaem em meio as preocupações e compromissos, cada um no seu submundo tentando dar conta de sua própria vida, no isolamento e na solidão.
Os encontros de pessoas com pessoas no intuito de partilhar a vida entrou em extinção, somos humanos que desconhecemos o outro enquanto semelhante, como se o outro tivesse uma lógica de está no mundo totalmente oposta do seu semelhante, isto é, como se não estivesse sob o jugo da condição humana e suas implicações. Existir e viver nessa perspectiva se torna árido, quase insuportável. Isso porque nos tornamos uma coisa que caminha pelas ruas da cidade, pelas planícies dos campos, em meio ao pó e ao concreto caminhamos tendo achar o sentido da vida. Sem relação com os outros, sem expressão de vida que de fato é vivida com intensidade, nos esbarramos com o frio e gélido desespero.
Em meio a triste canção que paira a contemporaneidade, nem Deus tem sido motivo de alegria e consolo para muitas pessoas. Quando se olha para o cenário religioso, onde outrora se encontrava um grande sentido para vida, nota se que os paradigmas são outros bem distintos daqueles do passado.
Ouvi-se um murmúrio de desespero ecoando em nossa sociedade e ao mesmo tempo um busca frenética do sagrado. Em cada esquina se encontra uma “igreja” prometendo tudo aquilo que é ausência na vida das pessoas. A idéia de Deus que se tem é cada vez mais de um “Deus Mosaico”, isto é, cada um o apresenta não segundo uma exegese (interpretação), mas segundo seus interesses. Assistimos pessoas que brincando com a angustia de uma multidão que busca um sentido para vida. Uma multidão que caminha sem um pasto e na nebulosidade do caminho, se contenta com qualquer promessa de vida melhor, com mais sentido e alegria. Enquanto isso os mercenários surgem aos montes, aproveitando da fragilidade das pessoas para se darem bem.
Nos meios intelectuais, científicos, preconizar-se uma vida sem a mais absoluta presença de Deus, essas idéias que nascem entre as quatro paredes de um laboratório, ou dentro de uma biblioteca ganham vazões para os meios populares causando um tremendo estrago ao dissolver a idéia de um Deus bom e amigo.
Os formadores de opinião têm de algum modo meios para significar suas vidas sem a idéia de Deus, buscando sentido em alguma outra coisa, mas o senso comum, nem sempre consegui criar novos meios para dar sentido para a vida sem cair no desesperança e descrédito da vida. Quando se tira uma pilar de uma construção e não se coloca outro, ela tende a cair, se olharmos a nossa volta, veremos que muitos valores bonitos já caíram, esses não se sustam sem a sacralidade que os envolvia, a desvalorização da vida é um exemplo disso, quanto uma vida? Por alguns trocados se tira a vida do outro, em vista de um corpo bonito e sem grandes compromissos se retira um feto em formação e joga no lixo etc. As famílias cada vez mais deformadas, essa realidade se torna um fator potencializador para gerar os jovens infratores, assim como o aumento significativo da gravidez na adolescência entre outros. Assim nos encontramos na encruzilhada existenciária.
Por detrás de toda essa realidade somos chamados a perceber e ter esperança de que há algo de belo a ser descoberto e que é o essencial para nossa vida, todavia ainda invisível aos nossos olhos. Precisamos redescobrir o belo nas coisas que nos rodei, nas pessoas, na natureza em nós mesmo para que tenhamos a percepção de que é na harmonia das partes que implicam nossa vida que faz com que a vida seja bela e que tenha um sentido e valor inegociável. A vida quer viver em nós de maneira plena, Oxalá descubramos o quanto antes sua beleza perdida.


André da Silva Queiroz, licenciado em filosofia e noviço SDN, Matozinhos, MG
a.queiroz@yahoo.com.br

sábado, 25 de abril de 2009

Semana da Cidadania – Juventude e Criminalização

“Hoje, com a violência sem controle, a sociedade está projetando a criminalidade na figura do jovem, principalmente se este for membro das classes que o diferenciam da maioria no contexto sócio-cultural.”


A grande mobilização para a Campanha da Fraternidade deste ano traz uma temática direcionada aos jovens, que será discutida com mais especificidade, durante a Semana da Cidadania, entre os dias 14 e 21 de abril. Esse movimento terá como tema: “Juventude e Criminalização”, mostrando os vários fatores que contribuem para a criminalização dos jovens em seu contexto sócio-cultural. O lema é bastante sugestivo: “Juventude em marcha contra a violência”, o que nos faz refletir sobre o posicionamento a ser tomado frente à questão que iremos tratar.
O início do nosso século carrega consigo alguns pontos característicos marcantes, que o diferenciam e refletem conseqüências de um passado cheio de incoerências, de desrespeito à vida. Exatamente por ver a realidade tão banalizada de um mundo cujo futuro é incerto, as pastorais de juventude nacional lançaram este projeto em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade 2009, “Fraternidade Segurança pública" e lema "A paz é fruto da justiça" só se realiza através de atos de paz e solidariedade para com aqueles que sofrem injustiças por serem vítimas do sistema opressor.
A grande injustiça a ser denunciada e refletida nessa Semana da Cidadania refere-se às discriminações sofridas pelos jovens marginalizados, nas suas diferenças raciais, ideológicas e sociais. Se deparamo-nos pela rua com um jovem de trajes esportivos, passeando com outros de sua idade, divertindo-se e usando gírias para se comunicar, temos a tentação de compará-lo ou até prejulgá-lo como um delinqüente, usuário de drogas e irresponsável. Daí pode-se falar em criminalização ao jovem, uma associação pré-conceitual que fazemos deste ao crime. Ora, se o jovem tem seu jeito próprio de se vestir, sua linguagem despreocupada, sua espontaneidade aflorada na convivência, ele está seguindo uma tendência muito comum e não tem relação necessária com a criminalidade. Esse julgamento é, sem dúvida, preconceituoso.
Há diversos exemplos de criminalização do jovem dentro de um contexto acadêmico e profissional. Jovens de raça negra, por exemplo, são comumente criminalizados, simplesmente por freqüentarem uma universidade ou ascenderem socialmente. Criminalizados por classificá-los como membros da ilegalidade nos negócios, da pirataria emergente e de demais ilicitudes. Essa posição, muito vigente na sociedade atual, é alvo de protestos de nossas pastorais juvenis, que pedem um basta a essa visão discriminatória.
Devido ao expansivo desenvolvimento das minorias em busca de uma pluralidade cultural que acompanhasse o ritmo da globalização, muitas conquistas puderam ser notadas, dando origem ao Multiculturalismo, já implantado em vários países, como os EUA, Canadá e aceito também no Brasil. Porém, esse mesmo desenvolvimento fez surgir uma acirrada disputa por espaço, que antes pertenciam às maiorias. A discriminação fez-se sentir mais de perto e muito se discutiu sobre ela, especialmente nos últimos 20 anos.
Hoje, com a violência sem controle, a sociedade está projetando a criminalidade na figura do jovem, principalmente se este for membro das classes que o diferenciam da maioria no contexto sócio-cultural. Sendo assim, a criminalização vai muito além da discriminação por possuir uma complexidade maior. Enquanto a discriminação exclui da convivência e ignora a pessoa do outro, a criminalização julga sem o devido conhecimento e camufla a realidade a ser desvelada. Mas em todos os casos, a segunda aparece junto com a primeira.
Um exemplo é a discriminação e criminalização sofridas por gays e principalmente transexuais. Além de serem malvistos na sociedade, pela diferença, são recriminados e até violentados nas ruas, representando um desrespeito sem precedentes e caracterizando, pelo uso da violência física, a homofobia. Apesar de haver um projeto que visa tornar a homofobia um crime federal, há grupos conservadores que são contra a proposta.
O tema para esta Semana da Cidadania quer despertar a sensibilidade de todos para uma reflexão a cerca do papel e das funções sociais do jovem. Ao mesmo tempo em que ele sofre com a discriminação e a criminalização, também quer mostrar a sua indignação com as visões distorcidas de sua própria realidade, através de mobilizações que estamos incentivando. Não há verdade nas aparências, nos simples conceitos que se tem antecipadamente adquiridos apenas pela superficialidade. As minorias étnicas e culturais sofrem muito com o preconceito e são criminalizadas muitas vezes. Em marcha contra a violência, vamos mostrar a todos o nosso rosto e jeito de ser, sem precisar ceder às imposições sociais nem nos despir de tudo o que nos caracteriza. Com um sorriso nos lábios e um desejo infinito de justiça, poderemos lutar juntos em prol do nosso respeito e da nossa dignidade.


Edimar A. da Silva – Postulante SDN – graduando em Filosofia, BH - MG edimarsdn@yahoo.com.br

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Começa a Semana da Cidadania

As Pastorais da Juventude do Brasil (PJB) convocam a juventude brasileira a participar da Semana da Cidadania – 2009, que acontece entre os dias 14 a 21 desse mês, com o tema Juventude e Criminalização e lema Juventude em Marcha contra a Violência.
De acordo com a PJB, o objetivo do evento é mostrar os diversos fatores que contribuem para a criminalização da juventude, bem como fomentar a discussão e a ação para a construção de um país mais justo.
“A juventude brasileira é organizada em inúmeros grupos nas comunidades, escolas, campo, periferias, aglomerados, assentamentos, entre outros lugares. Com essa Semana Coloca-se em pauta a criminalização dos jovens com o desejo de fomentar uma grande marcha em prol da vida”, explica o assessor nacional do Setor Juventude da CNBB, padre Gisley Azevêdo. E relata ainda que “a juventude é criminalizada todos os dias e em todos os lugares. Ela morre diariamente neste imenso Brasil. É responsabilidade de todos, organizados em mutirão, como pessoas que sonham com um mundo melhor, não permitir que isso ocorra”.
A direção da PJB explica que o desejo da juventude é que esta discussão ecoe por todos os cantos do país, se misturando ao grito do povo negro por igualdade racial, do povo indígena por justas demarcações da terra, dos pequenos agricultores por reforma agrária, dos moradores de rua por reforma urbana e de todo povo oprimido.Informações no Setor Juventude da CNBB pelo telefone (61) 2103-8300, ou pelo e-mail (
juventude@cnbb.org.br).

“Iniciação à vida cristã” é discutida pela CNBB

Os 330 bispos que participam da 47ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) passaram a manhã desta sexta-feira, 24, estudando o tema sobre a “Iniciação à vida cristã”. O assunto é um dos temas prioritários do encontro que termina no dia 1º de maio, em Indaiatuba (SP).
Um texto de 35 páginas foi apresentado aos bispos pelo diretor do Instituto Teológico Salesiano Pio XI, padre Luís Alves de Lima, doutor em catequese. O texto deverá ser publicado dentro da coleção “Estudos da CNBB”, não sendo ainda um documento aprovado pela Assembleia. Os “Estudos da CNBB” se constituem num passo importante para uma elaboração futura do documento da CNBB.
Maioridade PenalUma nota da CNBB sobre a redução da maioridade penal está sendo elaborada pelos bispos e será divulgada ainda esta assembleia. O tema foi apresentado na primeira sessão de hoje e a nota já está sendo redigida.
Missão ContinentalO segundo tema prioritário da assembleia, “O Brasil na Missão Continental”, será apresentado na primeira sessão da tarde desta sexta-feira. No ano passado a CNBB lançou o Projeto Nacional de Evangelização “O Brasil na Missão Continental” em quem aponta caminhos para o cumprimento desta decisão tomada pelos bispos latino-americanos na V Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, no ano de 2007, em Aparecida (SP).


Fonte: http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=1382

Por uma cultura a serviço da vida

Realizada pela primeira vez em 1964, a Campanha da Fraternidade (CF) ocorre anualmente durante a Quaresma. Seu objetivo é conscientizar e despertar a solidariedade de todos para problemas concretos que desafiam a sociedade. É a fé que se mantém viva no testemunho da Igreja. Ano passado discutimos a da defesa da vida, tão diversamente ameaçada no mundo atual. Este ano a CF tem como tema Fraternidade e Segurança Pública e como lema A paz é fruto da justiça (Is 32,17).
A violência (do latim violentia) é tudo o que agride outra pessoa, ser vivo ou objeto. Ela é a negação da autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo da vida de outrem e caracteriza-se por uma ação corrupta, intolerante que, não consegue, nem busca convencer, resultando em fria agressão. A violência é explícita quando fere normas ou a moral social.
Embora ela tenha diferentes interpretações em várias culturas, fazendo com que algo que consideremos violento não o seja em outra cultura, por exemplo, não temos o direito de tê-la como um ato curriqueiro. Independentemente da sociedade, a violência deve ser entendida como um cultura de morte, oposta à dignidade humana, ao livre e sagrado direito de todos desfrutarem plenamente a vida como gratuito de Deus.
O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo. Os altíssimos índices de assaltos, seqüestros, violência doméstica,... são inaceitáveis num país, onde a maior parte da população se declara cristã. Se Deus é vida em plenitude e o Cristo que seguimos é a revelação da vida, do amor por excelência, como então entender uma sociedade que se diz seguidora de Cristo e se coloca de braços cruzados diante de estruturas causadoras de morte? Poderíamos mencionar inúmeras razões para isso:
A repressão usada pela polícia, a concentração econômica e do poder nas mãos de poucos favorecida pelo governo há décadas, esquecendo-se do povo, pobreza, distúrbios mentais, o moderno aliado do réu que, diante de qualquer impossibilidade de defesa, alega até insanidade mental para se livrar da prisão... Tais atitudes, ao serem permitidas pela justiça, e aliadas à corrupção do poder que deveria representar o povo, legitima cada vez mais uma cultura marcada pelo terror.
Às vezes fica difícil dizer onde a violência se concentra, pois, aqueles que são condenados pela justiça, são presos em condições subumanas, sofrem torturas, descasos, perseguições, o que os desumaniza mais que humaniza, alimentando neles o insaciável desejo de vingança.
Thomas Hobbes (
filósofo inglês - 1588-1674), já dizia que a violência é parte da natureza humana. Nela, segndo o filósofo, “encontramos três causas principais de contenda. Primeira, competição; segunda, difidência; terceira, glória. A primeira leva os homens a invadir pelo ganho; a segunda, pela insegurança; a terceira, pela reputação. Os primeiros usam da violência para assenhorar-se da pessoa, da esposa, dos filhos e do gado de outros homens; os segundos, para defendê-los; os terceiros, por bagatelas, como uma palavra, um sorriso, uma opinião diferente e qualquer outro sinal de menosprezo, seja direto em suas pessoas ou, por reflexo, em seus parentes, amigos, nação, profissão ou nome."
Em outras palavras, a violência não tem causas somente sociais e cultuarais, mas também diz respeito à capacidade que todos temos de educar nossa natureza. Se por um lado nâo podemos dizer que ela é inata, ou seja, já nasce com o homem, por outro não podemos colocá-la somente como consequência de desigualdades sociais ou algo semelhante. Se assim fosse não teríamos elevado índice de atos violentos causados por pessoas em excelentes condições socio-economicas.
Acima de tudo, devemos lembrar que o mesmo potêncial usado na promoção da violência pode ser usado para controlá-la. Se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não dá para aceitar a propagação desta cultura de morte que a mídia tanto se esforça para manter no ar. Quanto à juventude, não podemos ficar parados. A maioria das pessoas que morrem no país são jovens entre 15 e 25 anos de idade. Portanto é preciso um vedadeira força tarefa, envolvendo sociedade e Estado na promoção de um sociedade onde a vida seja dignamente vivida por todos. É assim que se começa a construção da cultura de paz tão esperada por toda sociedade. Querido(a) leito(ra), lembre-se sempre de que você também é chamado por Deus a ser um construtor da paz. Portanto não economize forças nesta tão nobre missão que é sermos promotores da paz em superação da cultura de violência que nos faz todos reféns do medo. A todos um grande abraço!

Elias Soares, graduando em Filosofia, BH-MG.