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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Como redescobrir a vocação

Entrevista com Stefano Fontana, diretor do Observatório “Van Thuan”

Por Antonio Gaspari

ROMA, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).

Para muitos jovens de hoje, a vocação é algo que diz respeito apenas aos que pretendem se tornar sacerdotes.

A aspiração por realizar no trabalho e na vida os próprios ideais e expectativas é contraposta pelo materialismo cru, pela sensação de que a única relação possível com a realidade é da velocidade supersônica com que se consomem relações, amizades, produtos, diversões.

Por outro lado, está cada vez mais distante a ideia de que, ao se decidir o futuro de cada um, opera um desígnio do Criador. Para explicar o sentido da vocação e da espera, Stefano Fontana, diretor do Observatório “Van Thuan” sobre a Doutrina Social da Igreja http://www.vanthuanobservatory.org/), publicou recentemente um ensaio intitulado “Palavra e comunidade política”.

No prefácio de seu livro, Fontana, que é também consultor do Conselho Pontifício Justiça e Paz, escreve que “a crise da vocação é muito preocupante”, porque inibe “a convivência: o acolhimento, a gratidão, a gratuidade”.

Falando sobre seu ensaio, Fontana explicou que “o objetivo deste livro é assinalar o caminho para uma inversão de tendências, porque o homem surdo para sua vocação não sabe mais para onde ir”.

A fim de compreender o sentido profundo da vocação de cada um e o porquê do mundo moderno parecer desejar afastar-se de Deus, ZENIT entrevistou Stefano Fontana.

- O que é a vocação?

Fontana: A vocação é um chamado, uma palavra que vem ao nosso encontro, pedindo por uma adesão. Ao comunicar-se, a vocação nos convida a construir nossa identidade. Na reposta ao sentido que a interpela nós nos construímos em nosso próprio sentido. Quando encontramos um sentido que não produzimos, estamos diante de um chamado, um apelo, uma vocação. A vocação é a manifestação do incondicionado.

- Em seu livro recentemente publicado, o senhor sustenta que a falta de vocação impede o desenvolvimento humano, limita a convivência social e política, penaliza toda a família e empenho solidário no trabalho e nas relações com os demais. Por quê?

Fontana: O fenômeno mais preocupante de nossos dias é o da crescente dificuldade de identificar nas coisas e em nossas vidas uma palavra dirigida a nós, um apelo.

O matrimônio e a família são vistos sempre como opções ou convenções, não como uma realidade contida numa proposta de sentido importante para nossa humanidade, uma beleza que nos atrai e apaixona. Em nossa própria natureza íntima é possível encontrar um discurso sobre como devemos ser, a indicação de um caminho a ser percorrido.

Ser homem e ser ainda um tal homem representam uma vocação diante do subjetivismo e de uma cultura que pretende englobar em si mesma a própria natureza? Muitos hoje não veem na identidade sexual uma vocação, mas uma escolha.

Toda nossa dimensão física recebe grande atenção na sociedade do bem-estar, mas como algo que deve ser moldado, planejado, desconstruído e reconstruído, exibido, mas não como uma vocação a ser valorizada. O pudor nasce da percepção de que o corpo é palavra, mas nossos corpos já não têm quase mais nada a dizer; a primeira e a última palavra a seu respeito presumimos encontrar nos cremes e nos comprimidos, nas academias e no bisturi, no silicone e nos chips.

Também o ambiente natural diante de nós – a natureza no sentido naturalista do termo – é visto prevalentemente como um conjunto de objetos funcionais. Já não é mais a “criação”, um discurso do Logos criador, palavra em atuação, uma mensagem a ser comunicada.

- Vivemos em uma sociedade onde a auto-exaltação do ego é cada vez mais exagerada. Parece que, para alcançar a felicidade, é necessário haver um poder total sobre a realidade e sobre as coisas, é necessário dispor das pessoas e de seus corpos, é necessário aderir a um pleno e total hedonismo. Seriam estes os motivos que levaram ao ofuscamento da vocação e ao desespero daqueles que não encontram mais um sentido para as próprias vidas?

Fontana: A crise na vocação é algo muito preocupante, também em termos sociais e políticos, uma vez que inibe três atitudes fundamentais para a convivência: o acolhimento, a gratidão e a gratuidade.

Em primeiro lugar, está o acolhimento. A crise demográfica que atinge hoje muitos países e os debilita moralmente e economicamente é devida a esta dificuldade cada vez mais disseminada em acolher. As leis sobre o “suicídio assistido” denunciam uma falta de acolhimento da própria vida.

O multiculturalismo e sua falência mostram que a tolerância indiferente não é verdadeiro acolhimento. Acolher o outro torna-se impossível se não formos capazes de acolher a nós mesmos e de viver, também nós, a experiência de sermos acolhidos.

Em segundo lugar está a gratidão. Se outras pessoas e experiências não nos tocam, jamais nos descobriremos em débito e não poderemos viver a gratidão. Nossa família, nossa cultura, nossa condição de homem ou mulher... tudo pode ser objeto de gratidão, se formos capazes de encontrar uma herança de palavras, um sentido desvelado que de algum modo nos orienta.

Há, por outro lado, a negação de tudo isso, a prontidão em nutrir vergonha e ódio por ter sofrido uma série de imposições e violências, quando não a prontidão em repudiar ou mesmo apostatar de si mesmo e do próprio passado. Mesmo nossa própria identidade pode não ser vivida com gratidão. O ocidente parece estar hoje particularmente acometido desta síndrome da vergonha de si mesmo e da ingratidão.

Se não nos sentimos gratos para com aqueles que nos transmitiram determinados valores, não nos sentiremos na obrigação de transmiti-los às próximas gerações. A falta de gratidão rompe com a continuidade entre as gerações e é responsável pela atual “emergência educacional”.

Em terceiro está a gratuidade. A vocação nos é dada com um dom. Perder o sentido da vocação significa perder o senso de doação. Se meu passado, minha natureza e os outros nada me dizem, isto implica que quem estabelece seu significado sou eu, ou nós, se considerarmos as estruturas sociais e culturais.

Gratuito, portanto, é simplesmente tudo aquilo que é recebido como graça. A vocação comporta tudo isso, uma vez que não é uma palavra pronunciada por nós, mas uma palavra pronunciada através de nós. Portanto, uma palavra doada.

- Qual é a proposta do livro? De que modo a fé cristã e a Doutrina Social da Igreja podem resolver estes problemas enfrentados hoje pela humanidade?

Fontana: A palavra “vocação” ocorre ao menos vinte vezes na Caritas in Veritate de Bento XVI – se não contarmos os sinônimos. Se as coisas, as pessoas e acontecimentos nada nos dizem; se pensamos ser fruto de determinismos, então de fato nenhum acontecimento novo pode ocorrer, e permanecemos vítimas de nós mesmos.

Sem vocação o homem não sabe para onde ir, pois ser impelido detrás ao invés de ser atraído pelo que está à frente não o satisfaz. A fé cristã tem essa proposta de ser uma “amiga do homem”, de corresponder aos seus anseios. O mesmo pode ser dito a respeito da Doutrina Social da Igreja, que corresponde aos anseios do mundo, assim como a fé corresponde aos anseios da razão e a caridade aos anseios da justiça. É por esse motivo que a fé cristã não é algo acrescentado ao homem, mas algo que remete à sua própria constituição. A fé cristã é uma vocação, presente desde o início na forma de um anseio.


Fonte: Zenit.org

JMJ espera as pessoas com necessidades especiais

MADRI, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).-
Os organizadores da JMJ 2011 em Madri não só levam em conta os diversos idiomas, mas também as pessoas com necessidades especiais. A JMJ facilitará a comunicação com pessoas com deficiência.

Algumas pessoas surdas têm dificuldades para ler textos largos, por esse motivo, começou-se a publicar no website da JMJ informação em vídeo para esse grupo.

O conteúdo que inicialmente se preparou é uma reportagem de 20 minutos em que se explica o principal sobre o evento. Até agora, interpretou-se em linguagem de sinais espanhola e internacional.

A coordenação e acolhida das pessoas surdas estão integradas na equipe de necessidades especiais da JMJ. Esta comissão se compõe de representantes de vários grupos: visual, auditivo, motor e psíquico.

A equipe de necessidades especiais trabalha há vários meses para preparar a logística perante as diferentes solicitações das pessoas deficientes que participarão da JMJ.

Os vídeos em linguagem de sinais também estão disponíveis no canal do YouTube da JMJ de Madri:http://www.youtube.com/2011madrid.

Na internet: http://www.jmj2011madrid.com/


Fonte: Zenit.org

Quem se pronunciar contra a Ficha Limpa é um defensor da ficha suja?

Questionamento do presidente da Conferência episcopal brasileira
BRASÍLIA, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).-
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, questionou nessa quinta-feira os parlamentares que têm colocado resistência ao projeto da Ficha Limpa no Congresso brasileiro.

“Não dá para imaginar um parlamentar que se coloque contra o projeto Ficha Limpa. Alguém que se pronunciar contra a Ficha Limpa é um defensor da ficha suja?”, disse Dom Geraldo Lyrio, em coletiva de imprensa após a reunião do Conselho Permanente da CNBB.

O arcebispo questionaou ainda: “e quem se posicionar contra a Ficha Limpa, como é que vai disputar eleições? É um assunto que nos deixa pensativos. Não consigo imaginar alguém que seja contra esse projeto”.

Já o secretário geral da CNBB, Dom Dimas Lara, afirmou que aumentaram as expectativas da CNBB pela aprovação do projeto Ficha Limpa, após a audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira.

“Estamos com esperança de que o projeto seja aprovado ainda nesse semestre e aplicado nas eleições de outubro”, disse.

O Ficha Limpa, projeto de lei de iniciativa popular do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), prevê regras de inelegibilidade de candidatos condenados ou denunciados por crimes graves.


Fonte: Zenit.org

Declaração da Arquidiocese de Belo Horizonte sobre o Projeto Ficha Limpa


Bom dia a todos, caros colegas, irmãos, irmãs, religiosos, religiosas, trabalhadores e trabalhadoras da Igreja e do projeto do Deus para esse mundo.

Vejam esta matéria sobre a tramitação do projeto Ficha Limpa no Congresso Nacional. Bem sabemos que já foram recolhidas milhares de assinaturas para que o projeto fosse apresentado. E foi. Agora precisamos garantir que ele não estacione no meio do caminho e continue rumo a aprovação e aplicação da lei no nosso país.

Para isso nós devemos fazer a nossa parte. E como bons, dedicados e aplicados cristãos que somos, nos a faremos.

TER, 23 DE FEVEREIRO DE 2010 15:49

domwalmoroliveira

A Arquidiocese de Belo Horizonte convoca os cristãos de boa vontade para o acompanhamento da tramitação do Projeto Ficha Limpa no Congresso Nacional, subscrevendo nota conjunta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) – rede que congrega 43 organizações da sociedade civil responsáveis pela realização da Campanha Ficha Limpa – e tendo em vista os debates em curso na Câmara dos Deputados acerca do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP) 518/2009 sobre a vida pregressa dos candidatos.

É de suma importância que a sociedade continue atenta, conferindo o mesmo e intenso apoio que vem dando à Campanha Ficha Limpa – expresso na coleta de mais de 1,5 milhão de assinaturas que viabilizaram a introdução do projeto – para que se acelere a tramitação do PLP 518/2009 no Congresso Nacional.

A participação efetiva dos cristãos com ações concretas é decisiva para que não ocorram novos adiamentos na discussão e na aprovação dessa matéria, pautada na defesa da ética na política e na salvaguarda dos interesses públicos.

Muitas são as ações concretas possíveis e urgentes ao nosso alcance:

      1. Cada cidadão procure o deputado federal ou senador em quem votou e solicitar o apoio do parlamentar ao Projeto de Lei. Da mesma forma, pode enviar aos parlamentares e outras pessoas mensagens eletrônicas, cartas e abaixo-assinados para sublinhar e fortalecer a urgência da aprovação dessa matéria.
      2. As comunidades e grupos eclesiais organizem eventos (debates, reuniões) para articular a adesão do maior número possível de cristãos empenhados nessa ação de mobilização social e política pela tramitação e aprovação do referido projeto.

A Arquidiocese de Belo Horizonte disponibiliza os trabalhos do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política e do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas (Nesp) para eventual assessoria a comunidades, movimentos e organizações sociais interessados na mobilização pela aprovação do Projeto.

Neste momento decisivo para que o Projeto de Lei de Iniciativa Popular 518/2009 seja aprovado e traga mudanças importantes para o cenário eleitoral e político do país, é fundamental que a sociedade civil se empenhe para que o tema não saia da pauta de discussão do Congresso e se converta em legislação o mais rapidamente possível.

22 de fevereiro de 2010

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte


Cada um de nós tem meios, mesmo que limitados de ajudar nessa ação que a Igreja propõe. Além de colocar nas nossas preces a justiça e a honestidade dos nossos governantes, podemos também agir. E com certeza é da vontade de Deus que tenhamos um país mais justo e melhor dirigido.

Um abraço a todos, fiquem com Deus.
Fonte: material recebido por e-mail pessoal.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A água da Amazônia está sendo roubada?

Estima-se que 1,5 bilhão de seres humanos já não disponham de água suficiente para suas necessidades essenciais. Significa que, de cada 5 habitantes da Terra, um não tem água nem para beber. Esse contingente, que equivale à população do maior país do mundo, a China, vai precisar resolver esse problema vital de alguma maneira. Pela via pacífica ou através da força. A próxima guerra será pela água, anuncia um número crescente de profetas, baseados mais na correlação lógica de fatores do que numa análise minuciosa e específica das situações.

Este é o mesmo método que utilizam para apontar o sítio dessa próxima guerra: a Amazônia. Nada mais lógico: a bacia amazônica, que se espraia por nove países da América do Sul, mas tem dois terços das suas águas drenadas no território do Brasil, representa 68% da massa de água doce superficial do nosso país e de 8% a 25% (conforme as diferentes avaliações) do total do planeta. Sua principal riqueza ou está escondida no subsolo, em depósitos de minérios, ou na sua floresta tropical, um terço do que ainda subsiste sobre a superfície terrestre. E a mais rica em biodiversidade. Um tesouro difícil de ser protegido, sujeito a todas as formas de roubo.

A mais nova seria a do bem mais abundante e de fácil apropriação. Seguidas denúncias, apregoadas pelas vozes mais distintas, têm assegurado que já seria “assustador” o tráfico de água doce da Amazônia para o exterior. O alerta mais recente foi feito no final do ano passado pela revista jurídica Consulex. Ela garantia que algumas empresas já praticam com desenvoltura essa forma de roubo, que já tem denominações como hidropirataria e bioinvasão.

A atividade ilegal estaria sendo praticada por navios com capacidade de armazenar 250 milhões de litros (ou 250 mil metros cúbicos) de água, que uma empresa da Noruega forneceria para clientes na Grécia, Oriente Médio, Ilha da Madeira e Caribe. Por sair pela metade do custo da dessalinização, o roubo de água teria se tornado atraente no comércio com países carentes de água doce superficial.

A matéria da revista é rica em detalhes e conjecturas, mas não o bastante para convencer sobre o que relata, ecoando denúncias já numerosas. Claro que o acervo de água da Amazônia é questão transcendental. Exige atenção, seriedade, prioridade e investimentos. Todos esses elementos são de enorme deficiência atualmente. O Brasil tem mais de 120 comitês de bacia. Só um deles fica na Amazônia e tem ação urbana, na cidade de Manaus. É um despropósito paradoxal com o significado mundial da bacia amazônica.

Os escassos investimentos em manejo de água na região não permitem um conhecimento adequado sobre os seus recursos hídricos. O interesse mundial cresce numa velocidade muito superior à da atenção nacional. Mesmo as denúncias mais detalhadas, como a da Consulex, porém, ainda se revelam meramente especulativas, quando não totalmente fantasiosas. Devem servir de alerta para o problema, se – e quando – ele surgir.

Até agora, não há nenhum caso comprovado de roubo de água amazônica em território nacional, incluindo o mar de 200 milhas. Os grandes navios (1.200 por ano) entram na região em busca de outros recursos naturais, principalmente minérios e madeira, atracando em cinco portos de grande movimentação. Não têm espaço característico – nem tonelagem necessária – para acumular água – e em escala comercial.

A única área que poderia proporcionar essa pirataria é a foz do Amazonas, onde está a maior ilha fluvial do mundo, a de Marajó, com 50 mil quilômetros quadrados. Nela, o grande rio chega a despejar mais de 200 milhões de litros de água por segundo, no auge da cheia. Não há qualquer caso concreto de um superpetroleiro que tenha estacionado nesse local para se abastecer de um volume como os 250 milhões de litros citados. Pode parecer muito, mas esse volume de água equivale a menos de meio segundo de descarga na vazão máxima natural que o rio Tocantins já alcançou no local onde foi construída a barragem da hidrelétrica de Tucuruí, a quarta maior do mundo, em 1980.

Não parece um grande negócio, capaz de justificar o investimento e o risco, ainda que o patrulhamento da costa amazônica seja deficiente (o que induziu no projeto de criação da nova esquadra da Marinha, prevista para ter sua sede em São Luís do Maranhão e não em Belém, como pareceria mais lógico). A Capitania dos Portos do Pará assegura que fiscaliza todos os navios que entram e saem da região e que, por amostragem, acompanha a qualidade da água que carregam em seus porões como lastro. As normas internacionais autorizam essa operação, que constitui prática comum e nada tem a ver com objetivo comercial ou mesmo roubo com objetivo científico.

A água que o Amazonas despeja no Oceano Atlântico é rica em material particulado em suspensão. Mas qualquer pequena coleta pode ser suficiente para um estudo completo sobre o que contém – e isso é feito por meios legais, normais e saudáveis (embora não na escala recomendável). Quanto ao uso para outros fins, pelo menos para a costa dos Estados Unidos, o Amazonas já dá sua contribuição em larga escala – e gratuita. Avançando até 100 quilômetros no oceano, suas águas derivam para o norte pela força da corrente marítima, indo parar no litoral da Flórida.

Se não é para nos roubar água potável (com volumosa quantidade de sólidos em suspensão), então essa pirataria seria para recolher água rica em nutrientes para algum objetivo ainda não identificado (e, talvez, jamais identificável, por irreal). O campo ainda está aberto à imaginação e à especulação. Para delimitá-lo, a melhor atitude para o bem do país é, sem deixar de se manter atento, investir no conhecimento dos nacionais sobre sua própria riqueza.

O Brasil deve acompanhar com atenção e sempre com atualização o que pensam (e o que fazem) os estrangeiros sobre a – e na – Amazônia. Dispondo de mais recursos e com objetivos mais bem definidos, eles podem servir de espelho para refletir melhor o que os brasileiros e, em particular, os amazônidas, nem sempre conseguem ver, por falta de meios humanos, técnicos e científicos equivalentes.

O mais importante, porém, é saber e acompanhar o que os próprios nacionais pensam ou fazem, em numerosos casos dilapidando os recursos naturais ou os utilizando de forma irracional. Campeão em estoque de água doce do mundo, o Brasil é medíocre no seu manejo. Em Belém, que, por sua localização, serve de porta de entrada da Amazônia, um dos problemas que sua população – de quase 1,5 milhão de habitantes – enfrenta é a falta de água boa para beber, apesar da vasta massa que forma o estuário onde ela se situa. Este é o triste paradoxo atual, cuja visualização e compreensão as sempre vivas teorias conspirativas dificultam.

Fonte: yahoo.com

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Saudades dos carnavais de antigamente


Adriano e F. Romano*

“Ah! Que saudades daqueles carnavais de antigamente!” diriam nossos pais. Carnavais de salão, marchinhas, Colombina e Pierrô, confete e serpentina faziam a alegria da antiga mocidade. Havia também os carnavais de rua, desfiles, concursos de Rei Momo, entre outros eventos.

No decorrer dos anos, transformações puderam ser observadas. Os bailes de salão se extinguiram. Confete tornou-se raro. Há, em algumas cidades, a riquíssima tradição das escolas de samba e, em outras, a presença dos trios elétricos, mas os blocos carnavalescos tornaram-se presença marcante nesta festividade muito apreciada nacionalmente.

Em se tratando de estilos musicais, o samba ocupa o primeiro lugar no ranking dos mais conhecidos. Também há presença do axé. Em Pernambuco não se fala em outra coisa além de frevo e maracatu. Está na moda “roubar um pedacinho” da noite e fazer um baile funk. Enfim, músicas dos mais variados gêneros alegram os festeiros.

Mas, porque relatar todo esse legado cultural carnavalesco? Já que estamos falando de moda e atualidade, nada melhor que fazer um retrato do Carnaval que ocupa lugar nas ruas das cidades, hoje. Cada vez mais a cultura que existe em torno dessa festa está se esgotando. O que seria um momento de lazer e descontração está sendo banalizado. É fato que há resquícios dessa cultura espalhados em todo o país, mas sua essência está se dissipando com o tempo.

Hoje, bebe-se mais e “pula-se” menos carnaval. Droga-se mais e dança-se menos. O Carnaval de salão deu lugar ao Carnaval de rua, que, por sua vez, foi substituído pelo sexo irresponsável e desrespeitoso. As personagens Colombina, Pierrô, Rei Momo dentre outros, que já estavam com pouco ibope, foram trocados definitivamente pela cocaína, extasy, LSD. Os blocos e trios elétricos passam fazendo sua festa e, quem os “curte”? Apenas a minoria que ainda se encontra sóbria. Desfiles de escola de samba perdem sua beleza natural por causa de brigas de torcidas, que por sinal preferem ser chamadas de adversárias...

Uma pergunta surge desse contexto: quem são os responsáveis pelos nossos carnavais? Ou melhor, qual o público-alvo dessa festividade? A resposta é óbvia: os jovens. E nós, jovens, somos dotados de um grande poder de transformação. Um detalhe importantíssimo: nós não somos robôs de uma sociedade de consumo, escravos de um padrão (por sinal errôneo) de vida que prega o prazer etéreo e o gozo passageiro. Não estamos falando de ser “bregas”, pois o tempo evoluiu e confetes e marchinhas já não cabem mais em nosso tempo. O que queremos nos referir é com relação à defesa da vida e da dignidade da pessoa humana.

O jovem é, por excelência, cheio de ânimo. Festejar é algo bom e, de certo modo, está inerente à sua faixa etária. Mas cabe a cada um de nós a responsabilidade de fazer a diferença. Usar o nosso poder de transformação para melhorar a qualidade não só do Carnaval, mas de qualquer outra festa. Devemos estar cientes que, seja qual for a droga, ela não é capaz de nos realizar enquanto pessoas; seu efeito passa e a decepção recai sobre nossas cabeças, massacrando nossa consciência. Sem falar nos malefícios à nossa saúde física e psíquica. O sexo abusivo faz-nos perder nossa humanidade, tornando-nos como que animais. E, muitas vezes sem prevenção, ocasiona as doenças sexualmente transmissíveis ou até mesmo o extremo crime do aborto.

Para terminar esse artigo, fica da nossa parte um apelo: A você, jovem, que como todo e qualquer jovem gosta de festejar, saiba aproveitar sábia e sadiamente cada momento. Não se deixe levar pela onda destrutiva que nos circunda; faça a diferença! Ser brega é deixar a sua vida ser tragada por tais “pseudo-felicidades”. Lutemos por fazer Carnavais que verdadeiramente nos traga a felicidade e o prazer de viver, preservando o respeito à vida e a alegria do convívio saudável com as pessoas. E que um dia, num futuro próximo, possamos exclamar: “Ah! Que saudades daqueles carnavais de antigamente!”

*Adriano Barros – Formando sdn, graduando em filosofia, ISTA-BH-MG (adrianobsdn@hotmail.com)

*Francisco G. Romano – Formando sdn, graduando em filosofia, FAJE-BH-MG (r.o.m.a.n.o@hotmail.com)

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"Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro"

Elias Soares, eliasmmg2@yahoo.com.br Postulante SDN,

terceiro ano de Filosofia, BH-MG.


“a riqueza de uma nação não se mede por critérios quantitativos, mas pelo bem estar de seu povo” Pio XII.

Chegamos a mais uma edição da Campanha da Fraternidade cujo tema este ano é "Economia e Vida" e o lema, "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". A CFE (Campanha da Fraternidade Ecumênica) 2010 é a terceira realizada em comunhão com as outras Igrejas cristãs membras do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), o qual é composto pela Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Igreja Episcopal Anglicana no Brasil (IEAB), Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) e Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA).

A CFE terá início no dia 17 de fevereiro, quarta-feira de Cinzas. Conforme nos lembra o Texto-Base, seu objetivo geral é “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão.”

A realização da CFE na Quaresma quer enfatizar a urgente necessidade de repensarmos o sistema econômico-social que nos rege. O termo economia vem do grego oikos + nomos significando “administração da casa, no sentido de se providenciar tudo o que é necessário à sobrevivência”. Não se trata de acúmulo desenfreado como prega a lógica mercadológica atual. Ao contrário, trata-se de sobreviver plenamente em harmonia com a humanidade, consciente das reais necessidades humanas, sem se deixar levar pelo supérfluo que acarreta a destruição violenta do planeta que nos sustenta. Vemos assim, que o condenável não é o dinheiro em si mesmo, mas seu mau uso, ou seja, quando ele deixa de ser usado para o bem de todos e é concentrado nas mãos de poucos.

A amplitude do objetivo geral expressa a preocupação dos cristãos com a participação de todos nessa grande luta. Quem não aderir, torna-se cúmplice da “oposição”: a ganância, o egoísmo, o consumismo desenfreado,... a morte. Portanto não se trata de ser desta ou daquela religião, seguimento social, ou tribo, mas de ser defensor ou não da vida.

Nesse sentido, a frase norteadora da CFE, “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24), representa o desafio de uma escolha cotidiana. Trata-se de um contínuo e urgente processo de conversão de uma mentalidade constantemente bombardeada pela lógica consumista. É preciso devolver a Deus o seu lugar central no coração humano, a fim de que, movido por sua graça, entendamos o sentido profundo da verdadeira missão humana: uma história de amor, cujo centro não é a violência, as desigualdades, preconceitos e exclusões, mas a construção da justiça e da paz. Mas que justiça? Aquela cujo critério básico não é o legalismo corrompido de nossos tempos, mas a promoção da dignidade humana.

Aceitar uma realidade como a atual, sem nada fazer, não é apenas tornar-se cúmplice de tal sistema político-econômico-social exclusivista, mas fortalecê-lo. Está clara a falência do atual modelo de desenvolvimento. Não dá mais para permitir a continuidade de um modelo em que a vida foi deixada em segundo plano em função do ter e do parecer. É preciso dar novo sabor à vida humana, iluminando com a luz da verdade e da justiça as sombrias realidades da exploração silenciosa e perversa, camuflada pelos ideais defendidos por uma minoria que nenhum compromisso tem com a vida humana e do planeta.

Atenta à nossa realidade e ciente da necessidade de gestos que concretizem os objetivos da CFE, alguns eventos já estão previstos para o ano que se inicia: Plebiscito pelo limite de propriedade da terra (setembro de 2010). A terra é para garantir a sobrevivência digna e não para ser concentrada nas mãos de alguns que muitas vezes sequer usam-na para seus devidos fins, mas apenas as mantém por uma questão de status social e poder, ao passo que milhares de homens e mulheres como você, vivem nas ruas e praças das grandes cidades sem qualquer perspectiva de vida.

Teremos também a Coleta da solidariedade (28 de março – Domingo de Ramos). Do valor total arrecadado, 40% irá para o fundo ecumênico de solidariedade, apoiando projetos relacionados ao tema da CFE. O valor é administrado pelo comitê gestor das igrejas membro do CONIC. Os 60% restantes ficam na comunidade pra projetos locais relacionados à CFE.

Rezemos para que esta não seja uma Campanha restrita à Quaresma, mas que crie raízes em nossos corações e assim torne-se uma tarefa de nosso quotidiano, pois só assim as transformações que almejamos se realizarão. Que estes sejam os primeiros raios da luz de um novo tempo construído pelo amor que emana do coração humano permeado pela graça do encontro com o Senhor, que conta conosco para a transformação do mundo segundo seu desejo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dispara uso dos meios de comunicação entre adolescentes


Igreja tenta alcançar a juventude no mundo digital

Por Padre John Flynn, L.C.

ROMA, terça-feira, 9 de fevereiro de 2010


Quem disse que a Igreja não está caminhando para o mundo moderno? Em sua recente mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, Bento XVI anima os sacerdotes a se comunicarem através dos meios digitais.

“Na verdade, o mundo digital oferecendo meios que permitam uma capacidade da expressão quase ilimitada, abre importantes perspectivas e atualiza a exortação paulina: Ai de mim se não pregar o Evangelho!’”, comentava o Papa.

Alguns dias antes de se divulgar a mensagem ao público, em 21 de janeiro, um estudo da Kaiser Family Foundation mostrava a importância da Igreja estar presente nesses meios de tão rápido desenvolvimento.

Generation M2: Media in the Lives of 8 to 18 Years Old (Geração M2: Os media nas Vidas dos de 8 aos 18 anos) foi a terceira de uma série de enquetes em grande escala da fundação sobre o uso dos meios de comunicação pelos jovens.

Foi revelado que hoje as pessoas de 8 aos 18 anos dedicam, em um dia normal, uma média de 7 horas e 38 minutos utilizando meios de comunicação, o que soma mais de 53 horas por semana. Mas esse número não é nem sequer completo, posto que muitos deles usam mais de um meio de comunicação ao mesmo tempo. Se o consumo conjunto de meios de comunicação for contado de forma separada, dedicam um total de 10 horas e 45 minutos por dia.

O relatório se baseava em uma pesquisa realizada com uma amostra representativa nacional, nos EUA, de 2.002 estudantes do terceiro ao décimo ano, de 8 até 18 anos. Além disso, um subgrupo selecionado de 702 entrevistados fez um diário de 7 dias sobre o uso dos meios de comunicação, que foi usado para calcular a cifra de consumo.

Fazendo uma comparação com a última enquete realizada em 2004 pela Kaiser Family Foundation, o volume de tempo dedicado aos meios aumentou nos últimos cinco anos em 1 hora e 17 minutos por dia.

A pesquisa identificava ainda a revolução nos meios móveis e online como uma das principais causas do aumento da utilização dos meios de comunicação. Nos últimos cinco anos o tempo dedicado à leitura diminuiu ligeiramente em comparação com o tempo crescente dedicado aos meios digitais.


Meios móveis

A pesquisa observa que o adolescente intermediário nessa faixa etária de 8 a 18 anos utiliza seu telefone celular todo dia. Agora, programas de TV podem-se ver através de um celular ou um computador portátil.

Segundo a pesquisa, 20% do consumo de mídia no grupo estudado teve lugar através de dispositivos móveis, e quase uma hora é dedicada ao conteúdo “visual” como programas de TV, que agora são vistos através do computador e outras formas de transmissão.

O consumo de meios de comunicação pelos jovens foi facilitado ao se ter acesso aos mesmos em seus dormitórios. Não menos de 71% dos pesquisados de 8 a 18 anos tinham uma televisão em seus quartos. Além disso, a metade tem videogame (50%) ou televisão a cabo (49%), e um terço, computador (36%) e acesso à internet (33%) em seus quartos.

Além disso, nesses 5 anos, a porcentagem dos jovens entre 8 e 18 anos que possuíam computador portátil subiu de 12% para 29%, enquanto que os proprietários de um telefone celular passaram de 39% para 66%. Os que tinham um Ipod ou outro reprodutor de MP3 passaram de 18% para 76%.

Uma outra característica do uso dos meios de comunicação por parte dos jovens foi o enorme salto que teve no grupo de idade entre 11 e 14 anos. Os jovens dessa faixa etária aumentaram em mais de três horas ao dia no tempo dedicado aos meios de comunicação - um aumento de quatro horas ao dia no total, se contar o uso múltiplo.

Essa mudança significa que, no total, o grupo de idade entre 11 e 14 anos dedica 8 horas e 40 minutos ao dia utilizando os meios de comunicação. Em relação à atividade física, a pesquisa afirmou que, ao contrário da crença popular, o jovem que utiliza os meios de comunicação não significa ser sedentário em relação aos exercícios físicos.

Já em matéria de resultados acadêmicos, as notícias não são das melhores. As crianças que mais usam os meios de comunicação tendem a tirar notas mínimas ou ruins em relação às outras crianças.

Segundo os resultados da entrevista, 47% dos que mais tempo dedicavam à mídia diziam que normalmente tiravam notas mínimas ou ruins, comparados com 23% dos que usam pouco os meios.

Além disso, essa correlação entre o uso da mídia e as notas é constante quando se leva em conta fatores como idade, sexo, a baixa escolaridade dos pais. Ao mesmo tempo, os autores do estudo afirmam que sua pesquisa não pode estabelecer se há uma relação de causa e efeito entre o uso da mídia e as notas.

Ao tratar da questão da felicidade e do uso dos meios de comunicação, a pesquisa revela que a grande maioria dos jovens tende a afirmar um alto indíce de contentamento. No entanto, aqueles que são menos felizes dedicam mais tempo à mídia que aqueles que estão mais acima na tabela que mede a felicidade. Tal como os resultados acadêmicos, a pesquisa indicava que não foi determinante se existe uma relação de causa e efeito entre o uso dos meios e a felicidade pessoal.


Regras

Outra dimensão do uso da mídia por parte dos jovens examinada pela pesquisa era o tema do controle dos pais. Para começar, a entrevista revelou que muitos jovens vivem em casas onde a televisão fica ligada durante as refeições e muitas vezes fica ligada mesmo independente de se estar assistindo ou não.

Foi pedido aos estudantes que informassem se seus pais fixavam regras para as diversas formas de meios de comunicação. A maioria afirmou que não tinha nenhuma regra sobre o tipo de conteúdo dos meios e que podia utilizá-los o quanto quisesse. Uma exceção foi que 52% afirmaram que tinham normas sobre o que podiam fazer com o computador.

Menos da metade, 46%, afirmou que tinha regras sobre o que é permitido ver na televisão. Para os videogames e a música, a porcentagem era de 30% e 26% respectivamente.

No geral, é mais provável que os pais restrinjam o tipo de conteúdo que seus filhos podem consumir do que a quantia de tempo que podem utilizá-los. Assim, 46% dos meninos responderam que tinham regras sobre o que podiam ver na televisão, em comparação com 28% que tinham regras sobre quanto tempo poderiam assisti-la.

Entretanto, os pais fazem cumprir as normas de modo mais restrito às crianças menores.

Quanto aos maiores, a aplicação das normas cai consideravelmente. Nos grupos dos maiores, somente 12% informaram que tinham normais sobre os jogos de videogame ou a música. E 26% tinham regras sobre o que podiam ou não ver na TV.

Em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa expressava seu desejo de que os sacerdotes, os homens e mulheres consagrados usassem aos meios de comunicação para permitir que a mensagem de Deus caminhe pelo mundo digital, de modo que Nosso Senhor possa bater à porta de nossas casas e de nossos corações e entrar em nossas vidas. Uma nova forma de responder ao mandado de Cristo de pregar o Evangelho até os confins da Terra, seja física ou virtualmente.


Fonte: Zenit.org