Este blog se destina a manter contato com todos o jovens que, assim comoos idealizadores deste sonham e lutam por um mundo melhor com as marcas que o potencial jovem é capaz de construir.
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terça-feira, 23 de março de 2010
Juventude e Discriminação Racial
Juventude e a busca de uma experiência por um Deus humanado
domingo, 14 de março de 2010
Bento XVI: segredo para estabelecer autêntica relação com Deus
Sua misericórdia, diz ao rezar o Angelus no quarto domingo de Quaresma
CIDADE DO VATICANO, domingo, 14 de março de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a intervenção que Bento XVI dirigiu este domingo ao meio-dia, ao rezar a oração mariana do Angelus com os peregrinos na praça de São Pedro.* * *
Queridos irmãos e irmãs:
neste quarto domingo de Quaresma, proclama-se o Evangelho do pai e dos dois filhos, mais conhecido como a parábola do “filho pródigo” (Lucas 15, 11-32). Esta passagem de São Lucas constitui um marco da espiritualidade e da literatura de todos os tempos. De fato, que seriam nossa cultura, a arte e, mais em geral, nossa civilização sem esta revelação de Deus Pai cheio de misericórdia? Não deixa nunca de nos comover, e cada vez que a escutamos ou a lemos, tem a capacidade de nos sugerir sempre novos significados. Este texto evangélico tem sobretudo o poder de nos falar de Deus, de nos dar a conhecer seu rosto, mais ainda, seu coração. Depois de que Jesus nos falou do Pai misericordioso, as coisas já não são como antes; agora, conhecemos Deus: é nosso Pai, que por amor nos criou livres e dotados de consciência, que sofre se nos perdemos e que faz festa se regressamos. Por esse motivo, a relação com ele se edifica através de uma história, como sucede a todo filho com seus pais: ao início, depende deles; depois, reivindica sua própria autonomia; por último – se há um desenvolvimento positivo – alcança uma relação madura, baseada no reconhecimento e no amor autêntico.
Nestas etapas, podemos interpretar também momentos do caminho do homem na relação com Deus. Pode-se dar uma fase que é como a infância: uma religião movida pela necessidade, pela dependência. Na medida em que o homem cresce e se emancipa, quer libertar-se desta submissão e fazer-se livre, adulto, capaz de regular-se por si mesmo e de tomar as próprias opções de maneira autônoma, pensando inclusive que pode prescindir de Deus. Esta fase é delicada: pode levar ao ateísmo, mas com frequência esconde também a exigência de descobrir o autêntico rosto de Deus. Felizmente, Deus não desfalece em sua fidelidade e, ainda que nos distanciemos e fiquemos perdidos, Ele nos segue com seu amor, perdoando nossos erros e falando interiormente a nossa consciência, para nos atrair a si. Na parábola, os dois filhos se comportam de maneira oposta: o menor se vai e cai sempre cada vez mais baixo, enquanto que o mais velho fica em casa, mas ele também tem uma relação imatura com o Pai; de fato, quando o irmão regressa, o mais velho não se mostra contente como o Pai, e mais, enfada-se e não quer voltar a casa. Os dois filhos representam os dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a revolta e uma obediência infantil. Ambas formas se superam através da experiência da misericórdia. Só experimentando o perdão, reconhecendo que somos amados com um amor gratuito, maior que nossa miséria e que nossa justiça, entramos finalmente em uma relação verdadeiramente filial e livre com Deus. Queridos amigos, meditemos nesta palavra. Identifiquemo-nos com os dois filhos, e sobretudo contemplemos o coração do Pai. Lancemo-nos em seus braços e deixemo-nos regenerar por seu amor misericordioso. Que nos ajude nisso Maria, Mater misericordiae [Mãe da Misericórdia].
[Ao final da audiência, o Papa saudou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Saúdo também os peregrinos de língua portuguesa, especialmente o grupo de brasileiros que quis fazer deste encontro com o Sucessor de Pedro na Oração do Angelus uma etapa de sua caminhada quaresmal. Possam a oração, a penitência e a solidariedade ajudar-vos a preparar com mais fervor e fé para as festas que se aproximam. Ide com Deus.
[Traduzido por ZENIT
© Libreria Editrice Vaticana]
Fonte Zenit
NOTA À SOCIEDADE
Na madrugada deste domingo (14/03/2010), duas crianças, Beatriz (8 anos) e Esthefany (6 anos), morreram carbonizadas pela queima de um barraco de madeira (2 x 3 metros) na Ocupação Dandara, bairro Céu Azul, Região Nova Pampulha, Belo Horizonte/MG. Conforme laudo pericial prévio do Corpo de Bombeiros, o incêndio foi acidental.
Antes de tudo, é preciso manifestar a imensa tristeza que recaiu sobre toda a comunidade pelo ocorrido. Solidarizamo-nos com a dor dos familiares e amigos. Sofrimento esse aumentado pela forma como tem sido divulgada a notícia pelos grandes meios de comunicação de Minas Gerais. A imprensa mineira, de maneira irresponsável e repugnante, tem publicado notícias com o intuito de condenar Vera Lúcia, a mãe das crianças, e sustentando que a mesma estava bebendo no bar enquanto as crianças estavam sozinhas em casa.
Diante disso, damos conhecimento à população dos detalhes do ocorrido. Ontem, por volta das 23:00 horas, Vera Lúcia estava em sua casa com Beatriz e Esthefany, quando uma terceira criança, filho do seu cunhado que mora no lote vizinho ao seu, começou a chorar sentido a falta do pai, Alexandre. Vera, então, após ter deixado Beatriz e Esthefany dormindo no barracão, acompanhou o filho de Alexandre até um bar que fica próximo para encontrá-lo. Vera, assim que chegou ao bar para falar com seu cunhado Alexandre, avistou o incêndio na Dandara e retornou às pressas à comunidade. Quando Vera chegou ao local, não havia mais nada a ser feito. Vem-nos à mente e ao coração o lamento triste das irmãs de Lázaro: Senhor, se tivesses chegado antes, nosso irmão não teria morrido (João 11:32).
A partir do exposto, pergunta-se: Vera poderia ter deixado as crianças dormindo sozinhas? Não, mas muitas mães e pais não tem outra alternativa. O pai estava trabalhando no momento. Quantos pais e mães, sem ter acesso à creche , tem que deixar seus filhos sozinhos no barraco onde sobrevivem? Agora, cabe a reflexão: Vera, uma mãe que, como tantas outras mães e pais que, cotidianamente, agem espremidos por tantas opressões, tendo infelizmente acarretado um grave acidente que lhe custou a vida de duas lindas filhas, merece ser criminalizada pelos veículos de comunicação e pela Justiça Penal? E pior, Vera tem sido criminalizada com a distorção da realidade, inclusive relacionando sua conduta ao uso de bebida alcoólica (o que não ocorreu), e com a omissão de informações imprescindíveis à compreensão dos fatos.
Lamentamos profundamente a postura dos canais de comunicação do Estado de Minas Gerais que lançam mão do sensacionalismo em prejuízo da verdade e, pior, em prejuízo da vida moral e social da companheira Vera Lúcia. Tais veículos não divulgam, por exemplo, que Vera Lúcia e seu marido, como muitas outras centenas de famílias de Dandara, ainda não haviam construído sua casa de alvenaria temendo a ação Polícia Militar de Minas Gerais que, arbitrariamente, de forma ilegal, impede a entrada de material de construção na comunidade que detem a posse legítima da área dada pela Corte Superior do Tribunal de Justiça. Não fosse essa ação ilegal da PM/MG, amplamente denunciada pela Comissão Jurídica de apóio à Dandara nos órgãos e instituições competentes, essa fatalidade provavelmente não teria ocorrido. A ação/omissão do Estado causa um verdadeiro martírio e agrava o doloroso compasso de espera de quase 900 famílias sem teto e sem terra de Dandara.
O prolongamento da situação de insegurança da posse, as arbitrariedades da Polícia, a intransigência da Prefeitura em negociar, enfim, as injustiças que pesam sobre as famílias de Dandara são as verdadeiras responsáveis pela fatalidade que transformou essas duas crianças em mártires. É preciso compreender todo o conflito social que envolve a ocupação Dandara antes de emitir juízos precipitados sobre fatos como esse. Urge buscar as causas mais profundas.
Assim, solicitamos encarecidamente aos jornais e emissoras de rádio e televisão que ainda guardam algum compromisso com a verdade que corrijam as informações divulgadas ainda neste domingo, de modo a diminuir a forte dor que ora recai sobre a família das vítimas e demonstrando quem são os verdadeiros responsáveis pelo ocorrido. Tal postura, ainda, evitaria futuras ações judiciais com objetivo de assegurar direito de resposta e indenização por danos morais.
No mais, reafirmamos nossa profunda solidariedade com a família, especialmente com Vera Lúcia, mãe de Beatriz e Esthefany, e com o pai Reginaldo. Nesse sentido, advogados do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade e da Frente Antiprisional das Brigadas Populares estão empenhados na pronta soltura de Vera que até o momento se encontra encarcerada no Ceresp Centro-Sul.
Em cada um de nós, fica do triste evento o grande desafio para que nos empenhemos cada vez mais na busca de uma solução justa para Dandara e suas famílias. Hoje, a terra de Dandara foi banhada pelo sangue de duas crianças, que esse sangue possa frutificar na construção do dialogo e no fim da injustiça social que ainda assola a comunidade de Dandara.
Beatriz e Esthefany, Dandara jamais esquecerá de vocês! Vocês são mártires da luta contra a injustiça social.
Coordenação da Ocupação Dandara