Pesquisar este blog

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Juventude e doenças sexualmente transmissíveis

Whesney A. de Siqueira, Postulante da Ordem de Santo Agostinho
whesney1@gmail.com

Nunca se falou tanto do problema das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's) nos últimos anos. Já ouvimos falar bastante, tanto na escola quanto nas Igrejas, na TV e em vários outros meios de comunicação. Mas é preocupante o número de jovens que são infectados por essas doenças transmitidas através da relação sexual. Uma coisa é fato: é cada vez mais precoce a iniciação sexual, e cada vez mais cedo mais jovens estão contraindo essas doenças.
As DST's podem ser curáveis ou incuráveis, como é o caso, por exemplo, da Aids. Dentro das DST's também existem a gonorréia, sífilis, cancro mole, cancro duro, herpes genital, tricomonas, hepatite, HPV, entre outras doenças. Pesquisas recentes apontam que cerca de 40% dos infectados pelo vírus HIV são jovens, como afirma o relatório epidemiológico do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Atualmente são 33,2 milhões de pessoas vivendo com o HIV/AIDS no mundo. Dentro das DST's, a Aids é a doença mais lembrada e mais preocupante pois o seu tratamento faz somente um controle do vírus e proporciona uma maior sobrevida aos infectados, mas infelizmente o vírus não pode ser extirpado.
A juventude é um período de nossa vida em que queremos nos auto-afirmar. Uma das formas dessa auto-afirmação é o impulso de testar as situações a todo o momento, o que é extremamente normal e faz parte do nosso amadurecimento, mas infelizmente nós não somos imunes a qualquer perigo. Posturas não refletidas podem nos deixar marcas. O sentimento de onipotência pode comprometer o futuro. No campo sexual essa onipotência se alia aos hormônios pulsantes. Esses acontecimentos físicos e psicológicos, misturados em tempos de muita informação erótica e pouca censura nos meios de comunicação de massa, leva o jovem a experienciar realidades ainda não compreendidas por ele, uma vez que ainda não vivenciou o suficiente para tal. Aqui mora o grande perigo, o do desastre, o que era pra ser um período de autoconhecimento, pode se tornar um estigma para a vida toda, ou na melhor das hipóteses, uma bela dor de cabeça.
Mas, se temos uma quantidade de informação tão grande, como é que mesmo sabendo, não conseguimos colocar em prática? Talvez explique o fato que na hora do sexo, do prazer a irracionalidade impera, a emoção nos toma. De outro lado, as propagandas e campanhas para a prevenção são muito racionais. Sendo assim há um descompasso e uma não internalização da mensagem destas. Não adianta lermos e assistirmos tudo quanto há, mas na hora "H" tudo sumir. O fato é muito sério, não podemos levar a nossa vida como se nada de mal irá acontecer, como confirmam as pesquisas que citamos no início deste texto.

Outro elemento curioso é o fato de nossa geração não ter convivido com o horror das DST's. Vivemos em um tempo em que essas doenças gozam de um certo controle, muito pouca gente conviveu com pessoas acamadas, esqueléticas vitimadas pelo HIV, ou mesmo as doenças que não matam mas são esteticamente horríveis. Crescemos sabendo e comemorando que a maioria das DST's tem cura. É só tomarmos as vacinas e fazermos os tratamentos, ou na pior das hipóteses, a Aids, pode ser controlada através do coquetel.

O que não se fala é que até agora o governo não se preocupou em disponibilizar as vacinas para a maioria das DST's e grande parte dos tratamentos estão restritos a centros particulares. E para o tratamento do HIV que se dá através do coquetel anti-aids, costuma faltar antirretrovirais na rede pública e esses medicamentos são fundamentais para manter a qualidade de vida das pessoas que vivem com Aids. Além do mais, é grande o sofrimento provocado pelo tratamento. Os efeitos colaterais variam muito de pessoa para pessoa, os mais frequentes são: escamações de pele, quedas de cabelo, disenterias, mal-estar, suores, tremedeiras, dores estomacais, náuseas, vômitos. Sem falar que tem gente que nem tolera o coquetel porque não consegue suportar os efeitos colaterais.

Cada vez mais devemos trazer para a nossa vida essas reflexões a respeito da nossa prática sexual, temos que ter consciência dos nossos atos e sabermos que as doenças existem e estão ai presente no nosso dia-a-dia. Não somos super-heróis, ao contrário, somos finitos, frágeis e vulneráveis. Tomar consciência de nossas precariedades nos faz acabar com a nossa falsa onipotência. Ter uma postura reflexiva, serena e realista, base para a maturidade.... Sabendo que tudo pode nos acontecer, mas nós podemos evitar muitas coisas nessa nossa passagem pela vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário