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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A iniciativa do chamado é de Deus, a resposta é humana

Frt. Rodrigo Ferreira da Costa, SDN
rodrigolajinha@ yahoo. com.br

Duas liberdades. Dois amores. Um único sonho: “a vida do homem que é a maior glória de Deus” (Santo Irineu). A vocação expressa o encontro de duas liberdades que se respeitam e se doam no amor: da parte de Deus que chama e consagra e da parte da pessoa que se entrega corajosamente às mãos deste Deus-amor.
As Sagradas Escrituras nos apresentam vários relatos vocacionais. Abraão é convidado a sair da sua terra, do meio dos seus parentes, da casa de seu Pai (Gn 12, 1s). Moisés é chamado para libertar o Povo de Deus da escravidão do Egito (Ex 3, 1s). Samuel ouviu a voz do Senhor que o chamava (1 Sm 3, 1s). Jeremias recebeu a Palavra do Senhor que lhe dizia: “antes de formar você no seio de tua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu te consagrei, para fazer de você profeta das nações”. (Jr 1, 4-5). Os Apóstolos estavam trabalhando e Jesus os chamou. (Mt 4, 18s)...
Emblemática resposta humana, repleta de confiança na iniciativa de Deus, é o SIM generoso e total de Maria. Uma simples jovem de Nazaré, recebe inesperadamente aquela saudação estranha do anjo dizendo que ela encontrara graça diante do Senhor e que seria a mãe do Salvador. (cf. Lc 1, 26s). Ela não resiste à iniciativa de Deus e mesmo com dúvidas de como tudo aquilo aconteceria, colocou-se a plena disposição do Senhor.
Nota-se, por conseguinte, que a iniciativa do chamamento é sempre de Deus e por parte daqueles que são chamados, exige-se-lhes escuta atenta e prudente discernimento, generosa e pronta adesão ao projeto divino, sério aprofundamento da vontade de Deus para lhe corresponder de modo responsável e convicto.
Nos evangelhos, encontramos Jesus chamando os seus discípulos Jesus para estar com ele e enviá-los em missão.“Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer”. (Jo 15, 16). Atraídos por Ele muitos homens e mulheres, desde os primeiros séculos da Igreja, abandonaram a família, as riquezas materiais e tudo aquilo que humanamente é desejável, para seguir generosamente a Cristo e viver sem reservas o seu Evangelho.
O chamamento de Deus e a resposta da pessoa humana se entrelaçam num dinamismo de encantamento e realização. A iniciativa da vocação é de Deus, é Ele que diz: “Segue-me!” Entretanto, este Deus que é todo amor, quer a nossa felicidade e não desrespeita a liberdade humana. Ele conta com a nossa resposta positiva ao seu projeto de vida; inicia-se então um fecundo diálogo entre Deus e a pessoa, um misterioso encontro entre o amor do Senhor que chama e a liberdade do ser humano que Lhe responde no amor.
Deste modo, o vocacinando sente que a vontade do Senhor não é contrária à felicidade humana e, que viver uma vida escondida em Cristo (Cl 3,3), é a plena realização da sua liberdade de filho de Deus. A alegria que brota da união íntima com o Deus-amor, faz ressoar no seu espírito as palavras de Jesus: “Estou aqui, ó Senhor!Com prazer faço a vossa vontade.” (cf. Sl 40, 8-9). Esse prazer não é o prazer egocêntrico que a sociedade do “Bem-estar” prega. E sim, a realização interior que leva a pessoa a relativizar outros bens por causa de um Bem Absoluto, pois sabe que Nele está a fonte da vida, a felicidade eterna.
Jesus Cristo continua passando nas famílias, no trabalho, nas escolas e universidades, nas ruas e praças ... e repete o seu convite: “Siga-me!”. Necessário se faz, a nossa confiança na iniciativa de Deus que nos convoca a viver na sua presença a serviço dos outros e a ousadia de responder com prontidão: “Estou aqui, envia-me!”.

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