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terça-feira, 23 de março de 2010

Juventude e Discriminação Racial

Nilson Trugano, Seminarista da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria (SS.CC.) e estudante de Filosofia da FAJE, BH-MG. nilson.trugano@bol.com.br

“Juventude e Fraternidade, forte apelo de libertação. Juventude e Fraternidade, esperança de um mundo irmão, sem discriminação.”

Uma das bases fundamentais dos direitos humanos é o princípio de que todos as pessoas nasçam livres e iguais em dignidade e direitos perante a Nação. Discriminação e perseguição com base na raça ou etnia são claras violações desse princípio. De acordo com a lei brasileira, racismo é crime inafiançável. Mesmo que digam que o Brasil é um país de mistura de raças e que todas convivam em harmonia, não é bem isso que observamos na prática.
Nosso país tem uma população de afrodescendentes que ultrapassa 70 milhões de pessoas entre negros e pardos, os quais formam um contingente enorme de pessoas que ainda sofrem com as desigualdades econômicas e sociais. Indivíduos de religião ou origem diferente também são minorias esquecidas e vítimas de discriminação. “Pesquisas do Núcleo de Consciência Negra da USP mostram que o salário médio do homem negro corresponde à metade do que recebe um homem branco. Para a mulher, a renda ainda é menor: 33,6% se comparada a uma branca.” Essa má distribuição de renda existente no mundo atual que massacra um número expressivo de negros, aponta claramente para uma economia dominante e privilegiada de poucos. Uma economia que não olha mais para o outro com um olhar de igualdade, de fraternidade, mas, com olhos de um total preconceito étnico.
Todo esse desdém discriminatório traz consigo raízes históricas profundas que, infelizmente, perduram até hoje. Grande parte dos homens servem ao “deus-dinheiro” esquecendo-se da irmandade que nos une e nos faz iguais em direitos e deveres. O jovem precisa despertar para essas realidades que, a cada dia, acrescem pontos à estatística no que tange à discriminação das raças. Está na hora da juventude, com todo o vigor que possui, começar a trabalhar em prol de uma vida mais humana e igualitária a todos os seres humanos. O jovem sempre foi, é e continuará sendo a “voz que grita no deserto”. Ele detém forças suficientes para convergir os caminhos tortuosos e deformados em caminhos retos e planos para que tenhamos um mundo onde o diálogo e o respeito possam ser a “arma” que todos trazem consigo. Ainda nos encontramos no limiar de mais um ano. É comum que tenhamos sonhos ou desejos nesse período. Há, pois, três degraus a serem alcançados para que essa realidade de discriminação seja banida de nosso convívio. O primeiro degrau, nomeio de “desejo particular”. Esse tipo de desejo que cada um carrega consigo, como por exemplo, passar no vestibular ou conseguir o primeiro emprego mesmo que, para tal fim seja necessária alguma prática ilícita. O segundo degrau, chama-se “desejo coletivo”. Desejo, esse, que toda a humanidade deveria ter, como por exemplo, findar com os terremotos e com a fome no Haiti, cessar a mortalidade infantil na desvalida África Subsaariana, garantir a paz no Oriente Médio.
O terceiro, e último degrau, faz questão de nomear-se: Muito prazer!, me chamo degrau do “Desejo Universal”. Esse último sentiu-se interpelado em dizer seu nome, uma vez que ele está presente no desejo e na vontade de todas as pessoas do mundo em fazer com que a discriminação racial finda definitivamente. Não queremos mais presenciar tanta desigualdade que há no mundo. Existem milhares de pessoas que tornam-se vítimas desse “caos” que parece não ter fim. Urge, portanto, a necessidade do jovem acordar e assumir seu papel de protagonista nesse mundo imerso em desigualdades raciais. Discriminar alguém é ser indiferente ao convite de Jesus para que todos sejam um. É negligenciar a vida em abundância dada pelo Senhor a todos nós. Façamos com que os degraus dos desejos sejam, a cada dia, submetidos às nossas práticas concretas.
“Quero ver a Juventude reunida em mutirão, para abrir caminhos novos nos chamando à conversão. Nossos jovens atuantes na sofrida sociedade, semeando um novo reino de justiça e de igualdade.” Saúde e Paz a todos!!!

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