Hélem de Oliveira Araújo ( Fmm)
Falar na mulher hoje é questionar profundamente as estruturas pelas quais muitas são aprisionadas. E no Brasil atualmente, cerca de dois milhões de mulheres sofrem com diversos tipos de violência.
Tem se falado que a mulher está ocupando o seu espaço. Será que quando partimos deste princípio estamos afirmando que o espaço nunca foi dela? Mas a questão está para além de espaços que necessitam ser ocupados, porque as mulheres foram e ainda continuam sendo vítimas de uma forma autoritária de viver o poder.
Na sociedade capitalista em que vivemos é necessário produzir atitudes de humanização e uma das atitudes concretas se dá a partir da incorporação da linguagem de gênero.
Cotidianamente escuta-se que a “mulher está chegando pelas portas e janelas”, isso acontece porque ela rompe com os muros que a cerca, dizendo ao mundo que ela quer viver com dignidade que vai além da cama, mesa e banho dos “maridinhos”.
Segundo Ivone Gebara: “Mesmo se a mulher faz o trabalho do homem e o homem da mulher parece ainda que a divisão “sexual” continua um elemento importante na estrutura”. Então é de se pensar que ser homem e ser mulher necessita o ser, buscado na sua origem possibilitando criar e recriar a cada dia uma nova consciência de que somos criados e criadas por Deus.
E na construção da identidade de gênero ocorre uma bipolarização entre o que é ser homem e o que é ser mulher. Então é importante se perguntar: o que nos constrói na identidade do feminino e masculino na sociedade em que vivemos hoje?
E, contudo, considerando as mudanças que vem acontecendo somos convidados a novas releituras que nos permitirão novas perspectivas. E uma delas se dá pelo olhar que temos sobre o nosso corpo.
O corpo e o ser da mulher existe como corpo capaz de carregar em si outros corpos, de sentir outras vidas pulsando dentro de si, que percebe brotar o “alimento” de suas entranhas, convivendo com a dor e assim anuncia nos pequenos gestos uma nova vida.
Por isso as mudanças acontecem na medida em que nos capacitamos para contemplar as diversidades, assumindo um novo jeito de amar; jeito que permitirá a construção e dês-construção na busca da imagem mais real que somos de Deus.
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