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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Grito dos Excluídos 2009: o som das vozes esquecidas do novo mundo

Elias Soares, graduando em Filosofia e Postulante SDN, BH-MG.

O grito define-se como um conjunto de manifestações realizadas no Dia da Pátria, 7 de setembro, chamando a atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira. Este ano será realizado o 14ª Grito dos Excluídos, cujo lema é “Vida em primeiro lugar, direitos e participação popular”. Trata-se de uma manifestação repleta de simbolismo e intensa participação dos mais diversos grupos sociais, revelando a face dos sofredores de nossa sociedade, e daqueles que acreditam no potencial humano de construir uma sociedade mais humana. A agitação não deixa de ser parte integrante, bem como o ar de denúncia e abertura às diversidades, sejam elas religiosas, sociais, juventudes e pessoas não ligadas a nenhuma instituição, senão à própria causa da humanidade e dignidade do excluído. O movimento constitui-se de diversas atividades: atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos em todo o território brasileiro.
O grito dos excluídos, em seu aspecto de denúncia, tem por missão trazer à tona as perversidades do modelo econômico e político atual que centraliza a riqueza nas mãos de alguns e condena milhões a uma vida desumana, deixada à margem da sociedade sem vez nem voz, e vivendo à própria sorte, às migalhas. Estas, oferecidas graças a interesses políticos que usam do assistencialismo para alcançar a aprovação daqueles que as recebem e, assim, se perpetuarem no poder. Claro que há muitas pessoas bem intencionadas neste grupo dos que ajudam os excluídos a terem uma vida mais digna, através de ONGs e outras organizações. Contudo não podemos levar gato por lebre. É preciso identificar e tomar as posturas necessárias diante daqueles que fazem do serviço social e atendimento aos excluídos, usando os que sofrem e suas necessidades, como mero trampolim para atender seus interesses. É nesse contexto que se fortalece e se legitima a voz daqueles que denunciam tal realidade, trazendo à sociedade a lembrança da responsabilidade de todos na construção de um mundo melhor. Outro sentido do grito é trazer a público, nas ruas e praças, e todos os lugares, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria, da fome.
Quantos irmãos, jovens com sua idade, amigo leitor, não está neste momento se drogando, procurando desesperadamente uma forma de sobreviver neste sistema? Muitas vezes condenamos a droga ou a violência em decorrência de assaltos e tantas outras maneiras de praticá-la, como nos lembrou o texto base da Campanha da Fraternidade deste ano, mas nos esquecemos das motivações que levou jovens de bem a se enveredar por tal caminho. Claro, não se trata de justificar a violência, mas de identificar e transformar suas causas. Estes jovens também são perversamente excluídos e o pior é que muitas vezes sequer dão conta de que o são, quanto mais tomar alguma decisão para mudar a própria situação.
Neste sentido, chegamos ao terceiro e último sentido do grito: apontar caminhos e alternativas sadias ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos/as os cidadãos/ãs que participaram, mesmo que passivamente da criação deste, e o sustentam. E aqui não adianta fugir dizendo que não faz coisa alguma para contribuir com este sistema, pois até a indiferença é uma contribuição, pois deixa ainda mais livre e fácil o caminho daqueles que desejam explorar das mais diversas formas e cada vez mais, aqueles que tanto sofrem, visando o lucro, nada mais.
Todas as juventudes brasileiras têm encontrado no grito espaço aberto e propício à manifestação de nossas inquietações e dores, cuja profundidade passa despercebida ao olhar da maior parte da sociedade. Resultado disso é o crescente número dos excluídos vivendo sub-humanamente nas ruas e praças brasileiras. Nestes locais também encontramos com cada vez mais freqüência o rosto juvenil despersonificado, pela dor que lhe é imposta pelo sofrimento, a solidão, as conseqüências das drogas, a violência da rua,... Portanto, você amigo leitor, jovem companheiro de caminhada nesta geração que vivenciamos juntos. Se você se identifica com a proposta social transformadora do Grito, junte se a nós e siga em frente, vá lá! Força e coragem! Esta é a oportunidade de mostrar ao mundo teu rosto e construir uma sociedade segundo os valores do Evangelho, os únicos capazes de promover realmente vida em abundância a todos. Um mundo em que as oportunidades sejam iguais para todos, sem perder de vista as necessidades e diferentes possibilidades de acesso a estas oportunidades.
Se você não se identifica, calma! Tente abrir mão de suas reservas por um instante, procure conhecer melhor as pessoas e realidades que alimenta este movimento, sem se deixar levar pelos preconceitos dos que querem o fim destas manifestações. Procure adentrar nesta realidade e ver, na sua escola, bairro, comunidade, como se engajar, descobrir o que você pode fazer para que pessoas, hoje excluídas do direito mínimo de uma vida digna, tenham preservado este direito, como você o tem. No mais, um grande abraço e muita paz e coragem na caminhada diária da vida!

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