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domingo, 15 de novembro de 2009

20 de outubro, o arco da consciência negra

Ronilson Lopes, graduando em Filosofia ISTA-MG e religioso pavoniano
lopespav@yahoo.com.br



No dia da consciência é bom ter consciência de que se deve usá-la todos os dias


Estamos nos aproximando mais uma vez de uma data muito importante, não só para os negros, afro-descendentes, mas para todo o Brasil, que historicamente, em muitos momentos, negou, ou não quis favorecer o diálogo democrático efetivo, visto que tolheu as possibilidades do exercício da cidadania, entendida aqui como o direito inalienável da participação no poder e nos bens da nação.
Porém, após uma longa caminhada, nos encontramos num cenário em que estas problemáticas, a saber, das discussões sócio-étnicas estão em pauta. Muitas lutas começam a ser concretizadas, o que tem ajudado o próprio povo negro a se assumir como o que realmente são em sua singularidade, ou seja, como negros, porém, como sujeitos de direitos e deveres. Das lutas referidas pode-se destacar o ensino da História da África nas escolas e ações que estão permitindo que jovens negros e pobres cheguem à faculdade.
Este quadro pode possibilitar um favorecimento de uma identidade, não só do povo negro, mas do Brasil, no sentido de que, este país foi constituído por diferentes povos, entre eles o negro. No entanto este, mesmo sendo em tão grande número, teve sua contribuição negada, ou pelo menos desconsiderada em sua significação.
É claro que este processo pode acarretar disputas, lutas. No entanto, é melhor do que fingir que elas não existem, sendo que existem. Todavia o objetivo não deve ser a cisão, mas antes, um reconhecimento do outro enquanto outro, do negro enquanto negro e ter a postura como enfatizou muitíssimo bem Dom Helder, se você pensa diferente de mim, você me enriquece, poderíamos parafraseá-lo dizendo: se você é o “não-eu”, me acrescente. E concluir categoricamente: em sabedoria e em graça.
Estamos de fronte a uma exigência ética e política, no fundo é a dificuldade que temos de nos reconhecer e de reconhecer o outro, e o medo mais forte é de admitir que este outro também tenha direitos da mesma forma que eu tenho, e se tem direitos eu devo abrir mão dos bens que é dele para que ele possa usufruir. O negro não está pedindo o que é do outro, apenas está querendo o que ele tem por direito, não só por ter sido injustiçado construindo este país e recebendo em troca a humilhação, mas por ser homem como todos os demais e sendo homem seus direitos estão garantidos constitucionalmente. Todos os homens são iguais, todos têm direito à educação, à saúde, à moradia e à vida digna, e a tantos outros direitos.
Este dia em que está marcado para se fazer uma reflexão sobre estas problemáticas é muito importante recordarmos o quanto é necessário termos consciência e, acima de tudo, nos lembrar de que devemos refletir todos os dias.

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