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domingo, 26 de abril de 2009

A beleza oculta

Vivemos em um contexto onde se perde dia após dia o sentido da vida e a beleza de se estar no mundo. Os sorrisos se esvaem em meio as preocupações e compromissos, cada um no seu submundo tentando dar conta de sua própria vida, no isolamento e na solidão.
Os encontros de pessoas com pessoas no intuito de partilhar a vida entrou em extinção, somos humanos que desconhecemos o outro enquanto semelhante, como se o outro tivesse uma lógica de está no mundo totalmente oposta do seu semelhante, isto é, como se não estivesse sob o jugo da condição humana e suas implicações. Existir e viver nessa perspectiva se torna árido, quase insuportável. Isso porque nos tornamos uma coisa que caminha pelas ruas da cidade, pelas planícies dos campos, em meio ao pó e ao concreto caminhamos tendo achar o sentido da vida. Sem relação com os outros, sem expressão de vida que de fato é vivida com intensidade, nos esbarramos com o frio e gélido desespero.
Em meio a triste canção que paira a contemporaneidade, nem Deus tem sido motivo de alegria e consolo para muitas pessoas. Quando se olha para o cenário religioso, onde outrora se encontrava um grande sentido para vida, nota se que os paradigmas são outros bem distintos daqueles do passado.
Ouvi-se um murmúrio de desespero ecoando em nossa sociedade e ao mesmo tempo um busca frenética do sagrado. Em cada esquina se encontra uma “igreja” prometendo tudo aquilo que é ausência na vida das pessoas. A idéia de Deus que se tem é cada vez mais de um “Deus Mosaico”, isto é, cada um o apresenta não segundo uma exegese (interpretação), mas segundo seus interesses. Assistimos pessoas que brincando com a angustia de uma multidão que busca um sentido para vida. Uma multidão que caminha sem um pasto e na nebulosidade do caminho, se contenta com qualquer promessa de vida melhor, com mais sentido e alegria. Enquanto isso os mercenários surgem aos montes, aproveitando da fragilidade das pessoas para se darem bem.
Nos meios intelectuais, científicos, preconizar-se uma vida sem a mais absoluta presença de Deus, essas idéias que nascem entre as quatro paredes de um laboratório, ou dentro de uma biblioteca ganham vazões para os meios populares causando um tremendo estrago ao dissolver a idéia de um Deus bom e amigo.
Os formadores de opinião têm de algum modo meios para significar suas vidas sem a idéia de Deus, buscando sentido em alguma outra coisa, mas o senso comum, nem sempre consegui criar novos meios para dar sentido para a vida sem cair no desesperança e descrédito da vida. Quando se tira uma pilar de uma construção e não se coloca outro, ela tende a cair, se olharmos a nossa volta, veremos que muitos valores bonitos já caíram, esses não se sustam sem a sacralidade que os envolvia, a desvalorização da vida é um exemplo disso, quanto uma vida? Por alguns trocados se tira a vida do outro, em vista de um corpo bonito e sem grandes compromissos se retira um feto em formação e joga no lixo etc. As famílias cada vez mais deformadas, essa realidade se torna um fator potencializador para gerar os jovens infratores, assim como o aumento significativo da gravidez na adolescência entre outros. Assim nos encontramos na encruzilhada existenciária.
Por detrás de toda essa realidade somos chamados a perceber e ter esperança de que há algo de belo a ser descoberto e que é o essencial para nossa vida, todavia ainda invisível aos nossos olhos. Precisamos redescobrir o belo nas coisas que nos rodei, nas pessoas, na natureza em nós mesmo para que tenhamos a percepção de que é na harmonia das partes que implicam nossa vida que faz com que a vida seja bela e que tenha um sentido e valor inegociável. A vida quer viver em nós de maneira plena, Oxalá descubramos o quanto antes sua beleza perdida.


André da Silva Queiroz, licenciado em filosofia e noviço SDN, Matozinhos, MG
a.queiroz@yahoo.com.br

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