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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Por uma cultura a serviço da vida

Realizada pela primeira vez em 1964, a Campanha da Fraternidade (CF) ocorre anualmente durante a Quaresma. Seu objetivo é conscientizar e despertar a solidariedade de todos para problemas concretos que desafiam a sociedade. É a fé que se mantém viva no testemunho da Igreja. Ano passado discutimos a da defesa da vida, tão diversamente ameaçada no mundo atual. Este ano a CF tem como tema Fraternidade e Segurança Pública e como lema A paz é fruto da justiça (Is 32,17).
A violência (do latim violentia) é tudo o que agride outra pessoa, ser vivo ou objeto. Ela é a negação da autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo da vida de outrem e caracteriza-se por uma ação corrupta, intolerante que, não consegue, nem busca convencer, resultando em fria agressão. A violência é explícita quando fere normas ou a moral social.
Embora ela tenha diferentes interpretações em várias culturas, fazendo com que algo que consideremos violento não o seja em outra cultura, por exemplo, não temos o direito de tê-la como um ato curriqueiro. Independentemente da sociedade, a violência deve ser entendida como um cultura de morte, oposta à dignidade humana, ao livre e sagrado direito de todos desfrutarem plenamente a vida como gratuito de Deus.
O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo. Os altíssimos índices de assaltos, seqüestros, violência doméstica,... são inaceitáveis num país, onde a maior parte da população se declara cristã. Se Deus é vida em plenitude e o Cristo que seguimos é a revelação da vida, do amor por excelência, como então entender uma sociedade que se diz seguidora de Cristo e se coloca de braços cruzados diante de estruturas causadoras de morte? Poderíamos mencionar inúmeras razões para isso:
A repressão usada pela polícia, a concentração econômica e do poder nas mãos de poucos favorecida pelo governo há décadas, esquecendo-se do povo, pobreza, distúrbios mentais, o moderno aliado do réu que, diante de qualquer impossibilidade de defesa, alega até insanidade mental para se livrar da prisão... Tais atitudes, ao serem permitidas pela justiça, e aliadas à corrupção do poder que deveria representar o povo, legitima cada vez mais uma cultura marcada pelo terror.
Às vezes fica difícil dizer onde a violência se concentra, pois, aqueles que são condenados pela justiça, são presos em condições subumanas, sofrem torturas, descasos, perseguições, o que os desumaniza mais que humaniza, alimentando neles o insaciável desejo de vingança.
Thomas Hobbes (
filósofo inglês - 1588-1674), já dizia que a violência é parte da natureza humana. Nela, segndo o filósofo, “encontramos três causas principais de contenda. Primeira, competição; segunda, difidência; terceira, glória. A primeira leva os homens a invadir pelo ganho; a segunda, pela insegurança; a terceira, pela reputação. Os primeiros usam da violência para assenhorar-se da pessoa, da esposa, dos filhos e do gado de outros homens; os segundos, para defendê-los; os terceiros, por bagatelas, como uma palavra, um sorriso, uma opinião diferente e qualquer outro sinal de menosprezo, seja direto em suas pessoas ou, por reflexo, em seus parentes, amigos, nação, profissão ou nome."
Em outras palavras, a violência não tem causas somente sociais e cultuarais, mas também diz respeito à capacidade que todos temos de educar nossa natureza. Se por um lado nâo podemos dizer que ela é inata, ou seja, já nasce com o homem, por outro não podemos colocá-la somente como consequência de desigualdades sociais ou algo semelhante. Se assim fosse não teríamos elevado índice de atos violentos causados por pessoas em excelentes condições socio-economicas.
Acima de tudo, devemos lembrar que o mesmo potêncial usado na promoção da violência pode ser usado para controlá-la. Se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não dá para aceitar a propagação desta cultura de morte que a mídia tanto se esforça para manter no ar. Quanto à juventude, não podemos ficar parados. A maioria das pessoas que morrem no país são jovens entre 15 e 25 anos de idade. Portanto é preciso um vedadeira força tarefa, envolvendo sociedade e Estado na promoção de um sociedade onde a vida seja dignamente vivida por todos. É assim que se começa a construção da cultura de paz tão esperada por toda sociedade. Querido(a) leito(ra), lembre-se sempre de que você também é chamado por Deus a ser um construtor da paz. Portanto não economize forças nesta tão nobre missão que é sermos promotores da paz em superação da cultura de violência que nos faz todos reféns do medo. A todos um grande abraço!

Elias Soares, graduando em Filosofia, BH-MG.

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