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sábado, 25 de abril de 2009

Semana da Cidadania – Juventude e Criminalização

“Hoje, com a violência sem controle, a sociedade está projetando a criminalidade na figura do jovem, principalmente se este for membro das classes que o diferenciam da maioria no contexto sócio-cultural.”


A grande mobilização para a Campanha da Fraternidade deste ano traz uma temática direcionada aos jovens, que será discutida com mais especificidade, durante a Semana da Cidadania, entre os dias 14 e 21 de abril. Esse movimento terá como tema: “Juventude e Criminalização”, mostrando os vários fatores que contribuem para a criminalização dos jovens em seu contexto sócio-cultural. O lema é bastante sugestivo: “Juventude em marcha contra a violência”, o que nos faz refletir sobre o posicionamento a ser tomado frente à questão que iremos tratar.
O início do nosso século carrega consigo alguns pontos característicos marcantes, que o diferenciam e refletem conseqüências de um passado cheio de incoerências, de desrespeito à vida. Exatamente por ver a realidade tão banalizada de um mundo cujo futuro é incerto, as pastorais de juventude nacional lançaram este projeto em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade 2009, “Fraternidade Segurança pública" e lema "A paz é fruto da justiça" só se realiza através de atos de paz e solidariedade para com aqueles que sofrem injustiças por serem vítimas do sistema opressor.
A grande injustiça a ser denunciada e refletida nessa Semana da Cidadania refere-se às discriminações sofridas pelos jovens marginalizados, nas suas diferenças raciais, ideológicas e sociais. Se deparamo-nos pela rua com um jovem de trajes esportivos, passeando com outros de sua idade, divertindo-se e usando gírias para se comunicar, temos a tentação de compará-lo ou até prejulgá-lo como um delinqüente, usuário de drogas e irresponsável. Daí pode-se falar em criminalização ao jovem, uma associação pré-conceitual que fazemos deste ao crime. Ora, se o jovem tem seu jeito próprio de se vestir, sua linguagem despreocupada, sua espontaneidade aflorada na convivência, ele está seguindo uma tendência muito comum e não tem relação necessária com a criminalidade. Esse julgamento é, sem dúvida, preconceituoso.
Há diversos exemplos de criminalização do jovem dentro de um contexto acadêmico e profissional. Jovens de raça negra, por exemplo, são comumente criminalizados, simplesmente por freqüentarem uma universidade ou ascenderem socialmente. Criminalizados por classificá-los como membros da ilegalidade nos negócios, da pirataria emergente e de demais ilicitudes. Essa posição, muito vigente na sociedade atual, é alvo de protestos de nossas pastorais juvenis, que pedem um basta a essa visão discriminatória.
Devido ao expansivo desenvolvimento das minorias em busca de uma pluralidade cultural que acompanhasse o ritmo da globalização, muitas conquistas puderam ser notadas, dando origem ao Multiculturalismo, já implantado em vários países, como os EUA, Canadá e aceito também no Brasil. Porém, esse mesmo desenvolvimento fez surgir uma acirrada disputa por espaço, que antes pertenciam às maiorias. A discriminação fez-se sentir mais de perto e muito se discutiu sobre ela, especialmente nos últimos 20 anos.
Hoje, com a violência sem controle, a sociedade está projetando a criminalidade na figura do jovem, principalmente se este for membro das classes que o diferenciam da maioria no contexto sócio-cultural. Sendo assim, a criminalização vai muito além da discriminação por possuir uma complexidade maior. Enquanto a discriminação exclui da convivência e ignora a pessoa do outro, a criminalização julga sem o devido conhecimento e camufla a realidade a ser desvelada. Mas em todos os casos, a segunda aparece junto com a primeira.
Um exemplo é a discriminação e criminalização sofridas por gays e principalmente transexuais. Além de serem malvistos na sociedade, pela diferença, são recriminados e até violentados nas ruas, representando um desrespeito sem precedentes e caracterizando, pelo uso da violência física, a homofobia. Apesar de haver um projeto que visa tornar a homofobia um crime federal, há grupos conservadores que são contra a proposta.
O tema para esta Semana da Cidadania quer despertar a sensibilidade de todos para uma reflexão a cerca do papel e das funções sociais do jovem. Ao mesmo tempo em que ele sofre com a discriminação e a criminalização, também quer mostrar a sua indignação com as visões distorcidas de sua própria realidade, através de mobilizações que estamos incentivando. Não há verdade nas aparências, nos simples conceitos que se tem antecipadamente adquiridos apenas pela superficialidade. As minorias étnicas e culturais sofrem muito com o preconceito e são criminalizadas muitas vezes. Em marcha contra a violência, vamos mostrar a todos o nosso rosto e jeito de ser, sem precisar ceder às imposições sociais nem nos despir de tudo o que nos caracteriza. Com um sorriso nos lábios e um desejo infinito de justiça, poderemos lutar juntos em prol do nosso respeito e da nossa dignidade.


Edimar A. da Silva – Postulante SDN – graduando em Filosofia, BH - MG edimarsdn@yahoo.com.br

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