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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tudo mudou !?!

Raquel Ferreira de Souza – Especialista em Língua Portuguesa, Educação e Administração; Mestranda em Filosofia (Ética) – Professora Universitária.

Hoje (dia em que escrevo este), 22 de janeiro de 2010, curiosamente, li um texto que falava sobre as mudanças do mundo nas últimas décadas. Tenho 25 anos, mas confesso que gostaria de pertencer a uma das gerações anteriores à minha.

Antes eram os pais que educavam seus filhos, com seus erros e acertos, mas cumprindo seu papel; hoje, os filhos (que nem importa de quem são, porque o nome do pai não é mais referência nem para o filho, nem para os demais) são educados pela “Malhação” e pelo “Big Brother Brasil... Europa... Norte-americano”... Quanta vergonha!!!

Os jovens respeitavam os mais velhos; não ousavam atacá-los nem com palavras, quanto mais com as mãos; o respeito entre as pessoas e a vergonha “na cara” (o famoso ‘brio’) existia e ninguém precisava ficar discursando sobre isso, porque tudo que é posto em “discurso” oferece problemas a serem solucionados; e é por isto que hoje, mais do que nunca, fala-se tanto em educação e em ética. Parece que ouço a voz de um célebre professor que tive no Mestrado, dizendo: “quando se fala muito em algo, é porque este algo está em falta”. Vivemos a geração da falta da educação e da ética!

O que mais assusta a todos é a rapidez das mudanças. Até tão pouco tempo os jovens procuravam os idosos para pedirem conselhos; as pessoas reuniam-se nos passeios para conversar até o horário que quisessem, sem medo da violência e da impunidade; elas faziam de suas vidas “felicidade”, hoje, apenas sobrevivência e falta de viço.

Infelizmente, os laços entre as pessoas, agora, valem menos que trocados e os direitos humanos que são para “todos”, só funcionam para alguns... talvez alguns sejam menos humanos que os outros... sei lá ... os filhos mandam os pais se calarem; jovens de vinte e poucos anos esfregam seus diplomas de nível superior nos rostos dos idosos - como se conhecimento acadêmico fosse sinônimo de sabedoria; os filhos planejam assassinatos e assaltos de seus próprios pais, e curiosamente, há alguns pais que também planejam a morte de seus filhos, como se fossem acidentais; as adolescentes que até pouco tempo brincavam com bonecas de pano, hoje carregam bonecas de carne e osso, sem direito a enjoar da brincadeira e deixar o brinquedo de lado, porque não são brinquedos, são crianças; rapazes cuja preocupação era apenas namorar a moça mais bela da turma com todo respeito, namoram hoje as drogas, com direito a constantes visitas e prazer, porém com “fim”, pois nem sempre encontram a saída, antes de padecerem; e até o inimaginável aconteceu: a cultura do corpo (psicossomática) fez dos corpos o maior valor da vida de algumas pessoas - o que me fez lembrar de uma pergunta feita a mim há menos de um ano por uma das minhas alunas do Ensino Fundamental II, com quatorze anos: “professora, para que eu preciso estudar, se já sou gostosa?”, prefiro não comentar minha resposta, pelo menos por hora.

É fato que muito do presente é refluxo do passado, mas também é fato que o ser humano só se diferencia dos demais animais irracionais pela sua capacidade de razão, consciência, inteligência, comunicação e poder de mudança. Persistir em teorias falidas, discursos retóricos vazios e erros retrógrados não resolverá o problema. Talvez seja mais inteligente recomeçar do “ponto zero”, esquecer dos modelos e currículos pré-fabricados da educação formal e lembrar que antes disto tudo há outra instituição maior na vida de um ser humano: a família, e é nela que se encontram os melhores e os piores exemplos da vida. É preciso criar novas possibilidades de educação, convivência, respeito e ética; e quando formos aprovados nisto tudo, aí sim, pensemos em diplomas e títulos.

Não nos falta apenas investimento financeiro na área educacional – não só no Brasil, como em qualquer lugar - falta-nos investimento humano e boa vontade. Onde está o engajamento do ser humano que busca arduamente pela mudança? Vejo apenas a busca pelo salário... que é necessário sim, mas não educa, nem sustenta sozinho.

Por isto, quero concluir este texto, com caráter de desabafo, citando o exemplo de uma das pessoas que mais admiro em minha vida: minha mãe, que cursou apenas o antigo “primário”, mas que buscou educar seus filhos, de acordo com os princípios da ética, do respeito, da justiça, da cordialidade, da bondade, entre outras virtudes inumeráveis. Isto ela também não aprendeu na instituição “escola”, aprendeu na escola da vida! É dessa educação que essa geração, a que me nego a pertencer, está sedenta! Façamos a diferença!

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