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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro"

Elias Soares, eliasmmg2@yahoo.com.br Postulante SDN,

terceiro ano de Filosofia, BH-MG.


“a riqueza de uma nação não se mede por critérios quantitativos, mas pelo bem estar de seu povo” Pio XII.

Chegamos a mais uma edição da Campanha da Fraternidade cujo tema este ano é "Economia e Vida" e o lema, "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". A CFE (Campanha da Fraternidade Ecumênica) 2010 é a terceira realizada em comunhão com as outras Igrejas cristãs membras do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), o qual é composto pela Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Igreja Episcopal Anglicana no Brasil (IEAB), Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) e Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA).

A CFE terá início no dia 17 de fevereiro, quarta-feira de Cinzas. Conforme nos lembra o Texto-Base, seu objetivo geral é “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão.”

A realização da CFE na Quaresma quer enfatizar a urgente necessidade de repensarmos o sistema econômico-social que nos rege. O termo economia vem do grego oikos + nomos significando “administração da casa, no sentido de se providenciar tudo o que é necessário à sobrevivência”. Não se trata de acúmulo desenfreado como prega a lógica mercadológica atual. Ao contrário, trata-se de sobreviver plenamente em harmonia com a humanidade, consciente das reais necessidades humanas, sem se deixar levar pelo supérfluo que acarreta a destruição violenta do planeta que nos sustenta. Vemos assim, que o condenável não é o dinheiro em si mesmo, mas seu mau uso, ou seja, quando ele deixa de ser usado para o bem de todos e é concentrado nas mãos de poucos.

A amplitude do objetivo geral expressa a preocupação dos cristãos com a participação de todos nessa grande luta. Quem não aderir, torna-se cúmplice da “oposição”: a ganância, o egoísmo, o consumismo desenfreado,... a morte. Portanto não se trata de ser desta ou daquela religião, seguimento social, ou tribo, mas de ser defensor ou não da vida.

Nesse sentido, a frase norteadora da CFE, “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24), representa o desafio de uma escolha cotidiana. Trata-se de um contínuo e urgente processo de conversão de uma mentalidade constantemente bombardeada pela lógica consumista. É preciso devolver a Deus o seu lugar central no coração humano, a fim de que, movido por sua graça, entendamos o sentido profundo da verdadeira missão humana: uma história de amor, cujo centro não é a violência, as desigualdades, preconceitos e exclusões, mas a construção da justiça e da paz. Mas que justiça? Aquela cujo critério básico não é o legalismo corrompido de nossos tempos, mas a promoção da dignidade humana.

Aceitar uma realidade como a atual, sem nada fazer, não é apenas tornar-se cúmplice de tal sistema político-econômico-social exclusivista, mas fortalecê-lo. Está clara a falência do atual modelo de desenvolvimento. Não dá mais para permitir a continuidade de um modelo em que a vida foi deixada em segundo plano em função do ter e do parecer. É preciso dar novo sabor à vida humana, iluminando com a luz da verdade e da justiça as sombrias realidades da exploração silenciosa e perversa, camuflada pelos ideais defendidos por uma minoria que nenhum compromisso tem com a vida humana e do planeta.

Atenta à nossa realidade e ciente da necessidade de gestos que concretizem os objetivos da CFE, alguns eventos já estão previstos para o ano que se inicia: Plebiscito pelo limite de propriedade da terra (setembro de 2010). A terra é para garantir a sobrevivência digna e não para ser concentrada nas mãos de alguns que muitas vezes sequer usam-na para seus devidos fins, mas apenas as mantém por uma questão de status social e poder, ao passo que milhares de homens e mulheres como você, vivem nas ruas e praças das grandes cidades sem qualquer perspectiva de vida.

Teremos também a Coleta da solidariedade (28 de março – Domingo de Ramos). Do valor total arrecadado, 40% irá para o fundo ecumênico de solidariedade, apoiando projetos relacionados ao tema da CFE. O valor é administrado pelo comitê gestor das igrejas membro do CONIC. Os 60% restantes ficam na comunidade pra projetos locais relacionados à CFE.

Rezemos para que esta não seja uma Campanha restrita à Quaresma, mas que crie raízes em nossos corações e assim torne-se uma tarefa de nosso quotidiano, pois só assim as transformações que almejamos se realizarão. Que estes sejam os primeiros raios da luz de um novo tempo construído pelo amor que emana do coração humano permeado pela graça do encontro com o Senhor, que conta conosco para a transformação do mundo segundo seu desejo.

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