Pesquisar este blog

quarta-feira, 27 de maio de 2009

IV Centenário de Galileu relança diálogo entre fé e ciência - Congresso sobre o astrônomo em Florença com participação vaticana

Por Carmen Elena Villa
FLORENÇA, terça-feira, 26 de maio de 2009 (ZENIT.org).
A basílica da Santa Cruz em Florença, onde se encontra o túmulo de Galileu Galilei, converteu-se no cenário da inauguração do congresso internacional “O caso Galileu, uma releitura filosófica, teológica e histórica”, do qual participa a Santa Sé.
O evento é uma iniciativa da fundação Niels Stensen, da Companhia de Jesus, por ocasião da celebração do Ano da Astronomia declarado pela UNESCO por ocasião da invenção, há 400 anos, do telescópio de Galileu. Sua inauguração se realizou com a presença do presidente da República da Itália, Giorgio Napolitano.
À organização deste congresso se uniram 18 instituições nacionais e internacionais, entre elas o Conselho Pontifício para a Cultura, a Academia Pontifícia das Ciências e o Observatório Astronômico Vaticano.
O congresso conta com 33 expositores, entre historiadores, teólogos e cientistas. Dentro dos temas que se discutirão está a condenação da doutrina de Copérnico em 1616 e o processo a Galileu de 1633; a gênese do “Caso Galileu” na Itália, França e Inglaterra do século XVII; a história deste caso antes do Iluminismo e depois no século XIX (na idade do Positivismo); e por último, do século XX até a atualidade.
Galileu, a Igreja e a história
Sobre o tema, o arcebispo de Florença, Dom Giuseppe Betori, assegurou que a história leu durante séculos o “Caso Galileu” com uma “trágica e recíproca incompreensão” e um “doloroso mal-entendido”. Suas declarações foram publicadas hoje, terça-feira, no jornal vaticano L’Osservatore Romano.
O prelado indicou que esta má interpretação mostra erradamente uma “oposição constitutiva entre a ciência e a razão”.
“Espero que este evento mostre que esta opinião não tem fundamentos”, disse. E indicou que espera que a celebração do Ano da Astronomia permita “reiniciar” e voltar a apresentar de maneira criativa o diálogo fundamental que se dá entre a fé e a razão, a partir da perspectiva de uma permanente colaboração entre a Igreja e as instituições de pesquisa científica, de desenvolvimento econômico e de promoção social”.
“A fé não cresce com a rejeição da racionalidade, mas se integra em um horizonte de racionalidade mais amplo”, indicou o prelado.
Dom Betori assegurou que quando a razão se separa da fé, dá-se o risco “de ser reduzida a um cálculo e a uma exclusiva valorização de conflitos de interesse”. Deste modo, “com frequência desconhece ou permanece cega diante dos interrogantes vitais, dos valores fundamentais e das dramáticas situações humanas”.
Estabelecer um diálogo entre fé e ciência
Por este motivo, o diálogo entre fé e ciência deve continuar. “A natureza, sumamente complexa e, às vezes, inédita nos problemas éticos, sociais e políticos suscitados pelos rápidos desenvolvimentos da pesquisa científica e das aplicações tecnológicas contemporâneas no âmbito de um crescente processo de globalização e interdependência econômica, exige a liberdade interior e a boa vontade da parte de todos, crentes e não-crentes.”
Segundo o arcebispo de Florença, este ato acadêmico “não tem apenas um elevado valor cultural e simbólico, mas mostra que se dão condições para um compartilhar construtivo de responsabilidades, na consciência dos respectivos papéis e tarefas”.
O evento de encerramento será realizado em 30 de maio na Villa il Gioiello, em Arcetri, Florença, a última casa onde Galileu morou. Lá, alguns acadêmicos discutirão sobre Galileu na contemporaneidade, a relação com a Igreja e as perspectivas da pesquisa biotecnocientífica.
Igualmente, por ocasião da celebração do Ano da Astronomia, estão organizando em Florença alguns eventos cinematográficos, culturais e teatrais.

Fonte: Zenit.

Nenhum comentário:

Postar um comentário